Rebeldes usam tanque capturado contra governo sírio
As informações vindas de Alepo são as primeiras indicações de que os rebeldes estão começando a usar as armas pesadas que conseguiram tomar do Exército nas últimas semanas. O Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo de oposição baseado em Londres, disse que o tanque controlado pelos rebeldes disparou contra o aeroporto militar de Menagh, nos arredores de Alepo, o qual as tropas do regime utilizam para lançar ofensivas.
O acontecimento representa um aumento de escala nas batalhas entre os dois lados, já que, até recentemente, os rebeldes sofriam com a imensa disparidade de armamentos com os militares, que também têm à disposição caças e helicópteros.
Moradores de Alepo contaram que a internet e os telefones celulares quase não funcionam desde a noite de quarta-feira, o que aumentou os temores de uma investida iminente do regime contra a cidade. Mas até o início da tarde, só o que se percebeu foram os já rotineiros confrontos no bairro de Salaheddine, disse o morador Abu Adel para a Associated Press.
Também foram registrados bombardeios pesados na cidade de Azaz, próxima à fronteira com a Turquia, que está nas mãos dos rebeldes há semanas. Perder o controle da cidade seria um sério golpe contra a oposição, pois nela existe um posto de fronteira que facilita a chegada de suprimentos e armas.
Em Damasco, o governo anunciou nesta quinta-feira uma série de incursões contra rebeldes nos bairros da região sul da cidade, matando e prendendo "terroristas" (que é como o governo refere-se à oposição). Outras operações foram realizadas no distrito de Muhajireen, próximo ao palácio presidencial, onde 20 pessoas fora detidas, contou o ativista Abu Qais, que está na capital.
Abu Qais afirmou que 20 pessoas foram assassinadas em batidas no subúrbio de Yalda, sul de Damasco, enquanto o Observatório reportou 47 mortes na vizinhança de Jdaidat Artouz, no sudoeste. Vídeos dos acontecimentos de quarta-feira, postados na internet por ativistas, mostram pilhas de corpos ensaguentados, muitos com buracos de bala visíveis. Não foi possível verificar a autenticidade das filmagens com fontes independentes.
A violência vem causando um crescente clamor internacional contra a maneira que a Síria lida com a revolta que já dura 17 meses, em que ativistas estimam que 19 mil pessoas foram mortas.
Está marcada para a sexta-feira, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a votação da resolução proposta pelos países da Liga Árabe que pede a renúncia de Assad. A Assembleia composta por 193 membros não possui mecanismos legais para forçar a resolução, mas uma vitória por ampla maioria carregaria poder simbólico e moral.
Já o Programa Alimentar Mundial da ONU alertou nesta quinta-feira que a situação humanitária na síria está cada vez pior, com quase 3 milhões de pessoas precisando de comida pelos próximos 12 meses - mais de 10% da população do país, de 22 milhões de habitantes. As informações da Associated Press.