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Perfuração revela antiga floresta tropical na Antártica

A análise revelou polens fossilizados provenientes de uma floresta "quase tropical" que cobriu o continente no período Eoceno, de 34 a 56 milhões de anos atrás

14:38 | 02/08/2012
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Sydney, 2 Ago 2012 (AFP) - Perfurações no leito marinho da costa da Antártica revelaram que uma floresta tropical existiu no continente gelado há 52 milhões de anos, afirmaram cientistas esta quinta-feira, 2, alertando que a região poderá voltar a perder sua camada de gelo em questão de décadas.

A análise do núcleo de sedimentos coletados em frente à costa leste da Antártica revelou polens fossilizados provenientes de uma floresta "quase tropical" que cobriu o continente no período Eoceno, de 34 a 56 milhões de anos atrás.

Kevin Welsh, cientista australiano que viajou na expedição de 2010, explicou que a análise de moléculas sensíveis à temperatura nos núcleos demonstraram que era "muito quente" 52 milhões de anos atrás, com temperaturas de cerca de 20º Celsius.

"Havia florestas em terra, não haveria gelo algum e seria muito quente", afirmou Welsh à AFP a respeito do estudo, publicado na revista científica Nature.

"É surpreendente porque obviamente a imagem que temos da Antártica é que é muito fria e cheia de gelo", acrescentou.

Welsh disse que se acreditava que níveis mais elevados de dióxido de carbono na atmosfera fossem a principal causa do calor e da ausência de gelo na Antártica, com estimativas de CO2 entre 990 a "duas mil" partes por milhão.

A concentração de CO2 atualmente é calculada em cerca de 395ppm e Welsh afirmou que as previsões mais extremas, feitas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) veria o gelo recuado novamente na Antártica "no fim do século".

"É difícil dizer porque realmente isto é controlado pelas ações de pessoas e governos", explicou Welsh, paleoclimatologista da Universidade de Queensland.

"Realmente depende de como as emissões serão no futuro", acrescentou.

Welsh descreveu as descobertas como "muito significativas" para compreender o futuro das mudanças climáticas, particularmente em face da importância da Antártica para o planeta inteiro, bem como do "imenso" volume d'água armazenado em sua superfície.

O estudo "demonstra que se atravessarmos períodos de mais CO2 na atmosfera, é muito provável que haverá mudanças dramáticas nestas áreas muito importantes do globo, onde o gelo atualmente existe", afirmou.

"Se perdermos muito gelo na Antártica, vamos ver uma mudança dramática no nível do mar em todo o planeta", acrescentou.

Até mesmo a elevação do nível do mar em alguns poucos metros inundaria "grandes porções de terra habitável ao longo da costa de muitos grandes países e regiões de terras baixas", acrescentou.

O gelo no leste da Antártica tem de 3 a 4 km de espessura e acredita-se que tenha se formado cerca de 34 milhões de anos atrás.

Welsh disse que também haverá grandes impactos nas temperaturas globais se o gelo recuar porque se trata de um mecanismo de resfriamento integral do planeta, que regula as temperaturas, ao refletir para o espaço a energia do sol.

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