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Justiça da Romênia decidirá validade do referendo

09:21 | 20/08/2012
A Corte Constitucional da Romênia poderá decidir amanhã (21) se o referendo para o impeachment do presidente romeno Traian Basescu foi válido ou não. Basescu está afastado do cargo, que é exercido interinamente por Crin Antonescu. O referendo aconteceu no fim de julho e menos de 46% dos eleitores votaram - 8 milhões de uma população de cerca de 19 milhões de romenos. Desses 8 milhões, 78% pediram o afastamento de Basescu. Como o porcentual de votantes ficou abaixo dos 50% previstos em lei, a Corte Constitucional terá de decidir sobre a validade do referendo do impeachment de Basescu.

Suspenso pelo Parlamento local no começo de julho, Basescu afirma que foi vítima de uma tentativa de golpe por políticos contrários às investigações de corrupção conduzidas por seu governo. O mandato de Basescu na presidência da Romênia terminaria em 2014.

Na última sexta-feira (17), o primeiro-ministro romeno, Victor Ponta, pediu à Corte Constitucional do país que tome uma decisão clara, seja a favor ou contra a validade do referendo que decidiu pelo impeachment de Basescu, a fim de ajudar a pôr fim à incerteza política que prejudica a Romênia economicamente. Em entrevista ao The Wall Street Journal, Ponta disse que "esse é o pior momento para uma crise política", em termos de situação econômica e financeira em toda a Europa. "Pelo bem do país, eles (os juízes da Corte) precisam chegar a um veredicto", disse o premiê.

Para o analista de mercado Daniel Hewitt, do banco Barclays, quer o tribunal reconduza Basescu ao cargo ou não, os mercados financeiros da Europa não serão abalados. "Se a corte validar o referendo e Antonescu continuar presidente, uma nova eleição ocorrerá em três meses e Antonescu deverá ser eleito. Isso acalmará a política romena e não afetará de verdade a Europa. A Romênia é muito pequena e pouco importante para a União Europeia (UE)", disse Hewitt, em entrevista à Agência Estado.

A Romênia também terá eleições parlamentares em novembro. Hewitt acredita que, vença o partido de centro-direita de Antonescu, ou a coalizão de centro-esquerda do primeiro-ministro Victor Ponta (a Uniunea Social Liberala - União Social-Liberal), a Romênia deverá manter seus compromissos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a UE, dos quais recebeu mais de 10 bilhões de euros desde 2009, quando entrou em recessão.

A Romênia passou a integrar a UE em 2004. Como sua vizinha Bulgária, não adotou o euro e está em recessão há anos.

"Eles sabem que precisam da UE e do FMI para obter credibilidade. O problema (dos partidos romenos) será manter as promessas irrealistas que possivelmente não poderão cumprir com o eleitorado. Então talvez o FMI lhes ajude a lidar com isso", diz Hewitt.

A crise política na Romênia levantou dúvidas entre investidores sobre a capacidade do país de levar adiante as necessárias medidas econômicas, o que derrubou a moeda romena - o leu - para mínimas recordes frente ao euro durante o verão europeu, afetando empresas e consumidores romenos. Nos últimos dias, o leu mostrou recuperação, sustentado por intervenções do banco central local e pela indicação do FMI e da UE de que a política fiscal continua amplamente dentro do acordo. "Se a crise política terminar, ajudará ainda mais a sustentar a moeda e a economia em geral", disse o premiê romeno. "O período de turbulência está se estendendo muito", criticou. Com informações da Dow Jones.

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