AFP - Ex-opositor islâmico presidirá Assembleia líbia
TRÍPOLI, Líbia, 10 Ago 2012 (AFP) - Mohamed Al Megaryef, um conhecido opositor ao regime de Muammar Kadhafi, foi eleito na noite da última quinta-feira presidente do Congresso Geral Nacional (CGN), formado nas eleições de 7 de julho passado e que assumiu o poder na véspera.
Considerada uma pessoa ligada aos islâmicos, Megaryef, que dirigia a Frente de Salvação Nacional líbia (grupo político que reunia a oposição no exílio), foi designado por 113 votos, contra 85 para Ali Zidane, candidato independente de tendência liberal.
Cinco congressistas apresentaram candidatura e Megaryef venceu no segundo turno.
Nascido em 1940 em Benghazi, no leste da Líbia, Megaryef é conhecido por defender um Islã moderado. Foi eleito para o CGN pelo Partido da Frente Nacional, oriundo da Frente de Salvação.
Economista com doutorado em Finanças na Grã-Bretanha, Megaryef ocupou cargos de responsabilidade durante o regime de Kadhafi nos anos setenta.
Em 1980, abandonou o cargo de embaixador na Índia e se uniu à oposição no exílio para formar a Frente de Salvação Nacional.
Perseguido pelos serviços de informação de Kadhafi, passou 20 anos nos Estados Unidos como refugiado político, antes de regressar ao país durante a revolução líbia.
O Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião que derrubou o regime de Kadhafi, morto em outubro passado, entregou o poder ao CGN na quarta-feira.
O Congresso Geral Nacional é integrado principalmente pela Aliança das Forças Nacionais (AFN), coalizão de mais de 40 pequenos partidos liberais liderada pelos artífices da revolta contra Kadhafi, com 39 cadeiras, e pelo Partido da Justiça e Construção (PJC), derivado dos Irmãos Muçulmanos, com 17 cadeiras.
O partido da Frente Nacional, de Megaryef, ficou na terceira posição, com apenas três cadeiras.
Outras 120 cadeiras do CGN foram entregues a candidatos independentes.
Um membro do PJC que pediu para não ser identificado disse que a eleição de Megaryef é "uma vitória para os islâmicos", e um congressista independente explicou que muitos votaram por questões geográficas e não por motivos religiosos ou políticos.
Segundo o congressista, vários independentes entraram em acordo para eleger um presidente oriundo do leste do país visando reduzir a tensão nesta região.
O leste da Líbia foi a cunha da revolta que derrubou Kadhafi e conservou sua imagem rebelde ao longo do período de transição.