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Rebeldes acusam Damasco de ter transferido armas químicas

17:30 | 24/07/2012

DAMASCO, 24 Jul 2012 (AFP) - Os rebeldes sírios acusaram nesta terça-feira, 24, o regime de Bashar al-Assad de ter transferido armas químicas para as fronteiras do país, no dia seguinte à ameaça de Damasco de usá-las em caso de "agressão externa".

No momento em que os combates se intensificavam em Aleppo (norte), pulmão econômico da Síria, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, considerou que "não é tarde demais" para o presidente Bashar al-Assad iniciar uma transição de poder.

A violência deixou pelo menos 108 mortos em todo o país, incluindo 71 civis, segundo um registro provisório do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha, que não pode ser verificado.

O Exército Sírio Livre (ESL) afirmou que o regime "transferiu algumas armas (químicas) e equipamentos de mistura de componentes químicos para aeroportos na fronteira", sem mais detalhes.

Um membro do Ministério israelense da Defesa, Amos Gilad, na tentativa de tranquilizar seu país, disse que o regime sírio controla "plenamente" o seu arsenal de armas químicas.

Ele acrescentou ainda que o Hezbollah, movimento armado xiita aliado de Damasco, "não possui armas químicas provenientes da Síria".

O regime reconheceu pela primeira vez que possui um arsenal químico e advertiu que essas armas não-convencionais poderiam "ser usadas somente em caso de agressão estrangeira" e "nunca" contra a população, o que provocou a reação imediata da comunidade internacional.

Nesta terça-feira, a Rússia lembrou em um comunicado que Damasco havia ratificado o Protocolo de Genebra de 1925, que proíbe a utilização de armas químicas.

"Queremos ressaltar que a Síria aderiu em 1968, por meio de sua ratificação, ao Protocolo de Genebra de 1925 que proíbe a utilização de gases asfixiantes, tóxicos ou outros gases deste tipo", indicou o Ministério russo das Relações Exteriores, que pede que Damasco cumpra seus compromissos internacionais.

As redes árabes Al-Jazeera e Al-Arabiya anunciaram a deserção da encarregada de relações com a Síria no Chipre, Lamia Hariri, que seria a segunda desse tipo após a do embaixador da Síria no Iraque, se essa informação for confirmada.

 

Aleppo no centro dos combates

Pelo quinto dia consecutivo, intensos combates foram registrados nesta madrugada em vários bairros de Aleppo (norte).

As áreas rebeldes da cidade foram metralhadas por helicópteros, segundo o OSDH. Ontem um membro do conselho militar rebelde anunciou a "libertação" de vários bairros da cidade pelos insurgentes.

À noite, oito presos foram mortos na repressão a um motim na prisão central de desta cidade, segundo a oposição.

O Exército, determinado a esmagar a revolta iniciada em março de 2011, lançou ofensivas contra os bairros de Qadam e Aassali, últimos redutos de resistência rebelde na capital Damasco.

Reestruturação do aparato de segurança Menos de uma semana após um atentado que matou quatro autoridades de segurança, incluindo o cunhado de Assad, e regime realizou uma série de nomeações, encarregando principalmente o general Ali Mamlouk, homem de confiança do presidente, de chefiar o gabinete de Segurança Nacional, e o general Rustom Ghazalé, de dirigir a Segurança Política.

O regime rejeitou uma proposta árabe de uma saída negociada do presidente Assad para evitar a continuação da violência que deixou mais de 19.000 mortos em 16 meses de revolta, de acordo com OSDH.

Os Estados Unidos exortaram o regime sírio e a rebelião a trabalhar por uma transição do poder. "Acreditamos que não é tarde demais para que o regime de Assad comece a programar uma transição que permita encontrar um meio de pôr fim à violência", declarou Hillary Clinton.

O Conselho Nacional Sírio (CNS) negou que esteja disposto a aceitar que uma "personalidade do regime" governe o país durante o período de transição, como havia sido dito anteriormente por um porta-voz desta que é a principal coalizão de oposição.

Neste contexto, o chefe das operações de manutenção da paz da ONU, Hervé Ladsous, chegou a Damasco para acompanhar os trabalhos da missão de supervisão da ONU na Síria (Misnus), que foi prolongada na sexta-feira por um "último período de 30 dias".

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