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Parlamento egípcio se reúne e desafia militares

12:05 | 10/07/2012
Presidente do Parlamento diz que reunião não contraria a decisão da corte constitucional, mas apenas a dissolução da assembleia pela junta militar. O Parlamento do Egito reuniu-se nesta terça-feira (10/07) no Cairo, em clara afronta ao conselho militar, que havia dissolvido a casa em meados de junho após a Suprema Corte Constitucional ter declarado inválidas as eleições legislativas de janeiro. A reunião do Parlamento é mais um capítulo na queda de braço entre a Irmandade Muçulmana grupo ao qual são ligados o presidente egípcio, Mohamed Morsi, e o presidente do Parlamento, Saad al-Katatni e os militares, que assumiram o poder após a queda de Hosni Mubarak. A Irmandade Muçulmana, que controla a maioria dos assentos do Parlamento, foi duramente reprimida durante o regime Mubarak. Entre os militares estão vários figuras proeminentes do antigo regime e que não querem abrir mão de seus privilégios. Sessão de meia hora No domingo, Morsi havia decretado o restabelecimento do Parlamento, dissolvido em junho pelos militares. Nesta segunda-feira, a Suprema Corte Constitucional se pronunciou contra o decreto de Morsi, afirmando que todas as suas decisões são obrigatórias. Katatni abriu a sessão desta terça com um discurso em que afirmou que o decreto presidencial não afeta a decisão da Suprema Corte Constitucional, mas apenas a decisão da junta militar de dissolver a Assembleia do Povo. "Quero sublinhar que não estamos contrariando a decisão, mas procurando um mecanismo para aplicar a decisão do respeitado tribunal. Não há outro ponto na agenda de hoje", disse. Katatni afirmou que cabe ao tribunal de cassação decidir sobre a questão e que vai pedir um parecer a esse tribunal sobre como deve ser aplicada a decisão da corte constitucional. A proposta foi aprovada pela maioria dos deputados numa votação aberta. A sessão legislativa foi então encerrada, após menos de meia hora de duração. Repercussão externa Durante uma visita ao Cairo, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, disse não haver garantias de que o Egito será bem-sucedido no caminho rumo à democracia. A Alemanha, porém, quer colaborar para que isso aconteça, assegurou. Westerwelle teve um encontro com Morsi. O presidente egípcio teria dito ao ministro alemão que não questiona a decisão do tribunal constitucional, mas que busca uma maneira de organizar a sua implementação. Também a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, conclamou as partes a buscarem uma solução para a crise. Clinton está no Vietnã e deve visitar o Cairo no sábado. AS/afp/rtr/lusa Revisão: Francis França

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