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Merkel e Hollande: cenas de um casamento de conveniência

12:28 | 07/07/2012
Especulações sobre uma tensa relação com a chanceler federal fazem com que presidente francês reafirme que Berlim e Paris trabalham em conjunto em nome da Europa. França e Alemanha celebram 50 anos do tratado de amizade. Durante a recente cúpula da União Europeia, no final de junho, o presidente da França, François Hollande, manifestou mais uma vez firme apoio às posições da Itália e da Espanha. Pela primeira vez, estes países haviam arrancado da chanceler federal alemã, Angela Merkel, concessões quanto à aplicação das verbas do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF). Houve especulações sobre uma possível "coalizão contra Merkel". Assim, Hollande sentiu-se obrigado a esclarecer suas expectativas sobre o papel da França e da Alemanha na UE, assim como o futuro de suas sensíveis relações bilaterais. Juntos pela Europa, sem ordens superiores Com suas advertências inequívocas, o presidente francês antecipou eventuais desconfianças, entre os parceiros europeus, em relação a um eixo franco-alemão. Em Paris e Berlim, as relações não devem ser vistas "como um diretório, no qual a França e a Alemanha decidem sozinhas em nome da Europa", disse ao jornal L'Union. E completou: "Juntamente com Merkel, temos o dever de cuidar para que nossos interesses comuns representem uma força para toda a Europa". A premiê e ele estariam de acordo sobre a necessidade de que os demais Estados estejam integrados. "Às vezes, certos países podem sentir-se excluídos, ou forçados a aceitar um acordo que já tenha sido negociado por nossos dois países", admitiu, referindo-se às estratégias adotadas antes e durante a cúpula. Certamente não haverá avanços se França e Alemanha não encontrarem um consenso entre si, mas é preciso "prestar atenção em cada passo, para que a Europa possa tornar-se mais forte". No espírito do Tratado do Eliseu? Neste domingo (08/07), Hollande e Merkel abrem na cidade de Reims, no norte francês, as festividades dos 50 anos do tratado de amizade entre seus dois países. Na Catedral de Reims, em 8 de julho de 1962, o presidente francês Charles de Gaulle e o chanceler federal Konrad Adenauer participaram de uma "Missa pela Paz". Poucos meses mais tarde assinavam o Tratado do Eliseu assim denominado por ter sido assinado no Palácio do Eliseu, onde se localiza o gabinete presidencial francês selando a reconciliação entre a Alemanha e a França. No início de maio, o socialista François Hollande venceu as eleições presidenciais, substituindo seu antecessor, o conservador Nicolas Sarkozy. Na sexta-feira, ele voltou a refutar alegações de que sua relação com Merkel seria abalada ou tensa devido a noções divergentes, sobretudo na política europeia. Segundo o chefe de Estado francês, essas relações "não são más". Numa entrevista à revista Marianne, ele fora bem mais positivo em relação à premiê democrata-cristã: "Sabe-se o que ela quer. Ela é disposta a ceder, mas ao mesmo tempo mantém a própria posição". Por sua vez, antecipando o encontro, Merkel incitou à ação conjunta no contexto da crise de endividamento na zona do euro. Quanto à união dentro da Europa, antecipada por De Gaulle e Adenauer, a chanceler garante: "é justamente nisso que trabalhamos juntos, Alemanha e França. E também o fazemos em face dos atuais desafios". AV/dw/afp/dpa/rtr Revisão: Mariana Santos

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