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Barco com ajuda humanitária inicia histórico serviço de carga entre EUA e Cuba

14:34 | 13/07/2012
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HAVANA, 13 Jul 2012 (AFP) - O primeiro barco que em meio século transporta carga humanitária e encomendas de Miami (Estados Unidos) a Cuba chegou nesta sexta-feira, 13, ao porto de Havana, após uma travessia que durou 24 horas adicionais por problemas de burocracia, comprovaram jornalistas da AFP.

O barco "Ana Cecilia", que era esperado na quinta-feira em Havana, entrou às 07h06 locais (08h06 de Brasília), pouco depois do amanhecer, no canal da baía de Havana para atracar no cais de contêineres e retirar sua carga.

A demora foi causada por problemas nos trâmites administrativos, disse a empresa proprietária da embarcação, International Port Corp., que negou obstáculos do tipo político no início deste histórico serviço marítimo entre dois países distanciados por causas políticas há meio século.

"O problema foi um problema de burocracia (...) e, em essência, foi culpa nossa porque preenchemos o formulário incorretamente", disse à AFP de Miami o porta-voz da companhia, Leonardo Sánchez-Adega.

Esta é a primeira vez em décadas que uma companhia inicia um serviço semanal regular de Miami a Cuba.

Para não violar o embargo americano à ilha, em vigor desde 1962, a empresa pretende atender a demanda de grupos religiosos, organizações não governamentais e instituições beneficentes autorizadas a enviar carregamentos humanitários a Cuba.

"Mas também temos como clientes familiares de pessoas em Cuba", esclareceu Sánchez-Adega.

Em sua primeira viagem, o barco transportou carga humanitária, encomendas de parentes, que consistem de alimentos, remédios e roupas. A carga maior é um colchão ortopédico e uma cadeira de rodas para pessoas com deficiências físicas, informou Sánchez-Adega
O presidente Barack Obama flexibilizou o envio de remessas de dinheiro e viagens de cubano-americanos à ilha, assim como os intercâmbios acadêmicos, esportivos, religiosos e culturais, desde que chegou à Casa Branca em janeiro de 2009.

A filha do presidente cubano Raúl Castro, a sexóloga Mariela Castro, por exemplo, obteve visto americano e foi em maio a um congresso em San Francisco), o que enfureceu os políticos cubano-americanos e ocasionou críticas do candidato presidencial republicano, Mitt Romney.

No entanto, as relações de Obama com Havana têm sido tensas desde a prisão, em dezembro de 2009, do americano Alan Gross, condenado a 15 anos de prisão sob acusação de atentar contra a segurança do Estado cubano, por introduzir sofisticados equipamentos de comunicação na ilha.

A resposta da comunidade cubana nos Estados Unidos a este inédito serviço de entregas foi positiva, segundo o International Port Corp.

O economista opositor Oscar Espinosa Chepe elogiou o serviço. "Aplaudo esta iniciativa e, tomara, se siga por este caminho de normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos".

Apesar do embargo, os Estados Unidos são o sétimo sócio comercial de Cuba, com um intercâmbio de 400 milhões de dólares em 2010, última cifra disponível.

No sul da Flórida, estado em que se encontra Miami, vive a maioria dos 1,2 milhão de cubanos emigrados da ilha comunista.

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