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AFP - Sexto dia de combates em Aleppo, que vive uma 'batalha decisiva'

12:23 | 25/07/2012

DAMASCO, 25 Jul 2012 (AFP) - Aleppo, a segunda maior cidade da Síria e coração econômico do país, era palco nesta quarta-feira de uma "batalha decisiva" entre rebeldes e forças do regime, que enviavam reforços após a reconquista quase total de Damasco pelo exército regular, afirmaram diversas fontes à AFP.

"Centenas de rebeldes procedentes de todo o norte da Síria estão chegando a Aleppo no que parece ser a batalha decisiva", declarou o correspondente de um jornal sírio na cidade.

"Uma dezena de bairros periféricos ainda está nas mãos dos rebeldes e na cidade são ouvidos bombardeios e tiros de armas automáticas", acrescentou o correspondente.

Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG radicada na Grã-Bretanha, confirmou esta informação.

"Nas últimas 48 horas, chegaram reforços do exército sírio pela rota internacional Damasco-Aleppo. Na terça-feira os rebeldes atacaram um comboio militar nesta rota entre Maaret el-Nooman e Kan Sheikhun (ao sul de Aleppo) para atrasar a chegada destes reforços", disse o presidente do OSDH.

"Também ocorreu outro ataque em Ariha (sul de Aleppo)", acrescentou Rahman.
Segundo este último, "trata-se de uma batalha decisiva e o regime está enviando reforços para impedir que os rebeldes tomem as sedes dos serviços de segurança do partido Baath (no poder na Síria desde 1963) e edifícios públicos".

Na terça-feira, os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL) já haviam anunciado grandes mobilizações de tropas da província vizinha de Idleb para Aleppo.

E nesta quarta-feira, o OSDH informou sobre ataques do exército regular em vários setores da cidade, utilizando principalmente helicópteros que metralharam o bairro de Bustane al-Kasr, onde ocorreram combates que deixaram "vários mortos e feridos", sem dar mais detalhes.

Outros combates explodiram ao amanhecer em vários setores, principalmente em al-Khamiliyé (centro), perto da sede do partido Baath.

Aviões militares voaram sobre a cidade, mas não a bombardearam, afirmou Rahman.
Para o geógrafo Fabrice Balanche, diretor do Grupo de Pesquisa e de Estudos sobre o Mediterrâneo e o Oriente Médio, os bairros nas mãos da oposição são os bairros informais, cuja população vem do campo.

Os bairros do centro e do oeste, onde vivem as classes abastadas, os cristãos e, sobretudo, os cidadãos de origem alepina não estão sob o controle dos rebeldes.
Na região de Aleppo, a cidade rebelde de al-Bab, que o exército regular tenta recuperar, também foi atacada.

Segundo um primeiro balanço desta ONG, sete pessoas, entre as quais seis civis, morreram na quarta-feira nos combates.

Revolta nas prisões A contestação, que já se propagou por todo o país, contagiou também as prisões, onde vários motins mobilizam as forças de ordem.

Um dia após o início de um motim na prisão de Aleppo, onde morreram ao menos oito detidos, os serviços aéreos e o exército tentaram em vão retomar o controle da prisão central de Homs (centro), onde os prisioneiros se rebelaram há quase uma semana.

Em Damasco, o exército regular, que tomou novamente o controle da maior parte da capital, parece ter consolidado sua posição, após os ataques de terça-feira nos bairros Qadam e Aassali, dois dos últimos focos de resistência no sul da capital, segundo o OSDH.

Os rebeldes marcaram pontos recentemente ao tomarem o controle de vários postos fronteiriços com Iraque e Turquia. Por sua vez, a Turquia anunciou nesta quarta-feira que fechará por tempo indeterminado suas fronteiras com a Síria por "razões de segurança".

Segundo um funcionário turco que não quis se identificar, esta medida é "por tempo indeterminado e a reabertura (das fronteiras) dependerá de como a situação vai evoluir".

medida envolve os cidadãos turcos, indicou a fonte. Os estrangeiros que desejarem atravessar a fronteira em direção à Síria deverão assinar um documento com informações sobre os perigos que encontrarão, acrescentou.

Neste contexto, a metade dos 300 observadores da Organização das Nações Unidas na Síria abandonou o país na terça e nesta quarta-feira, segundo relatos de dois observadores presentes em Damasco.

"Cento e cinquenta observadores da ONU abandonaram a Síria na terça-feira e nesta quarta-feira e não vão voltar", afirmou um deles.

Por sua vez, o general Manaf Tlass, o oficial de maior patente a desertar do exército sírio e considerado próximo ao presidente Bashar al-Assad, pediu em sua primeira declaração pública desde sua deserção, em 6 de julho, a união do povo sírio "com o objetivo de construir uma nova Síria".

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