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Merkel endurece o tom e diz que a mediocridade não vai tirar a UE da crise

16:47 | 15/06/2012

BERLIM, 15 Jun 2012 (AFP) - A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou nesta sexta-feira, 15, a falta de confiança entre os países da zona do euro e criticou as soluções medíocres para a crise da dívida, num momento de muita tensão no mercado por causa da recessão e do risco de a Grécia deixar o bloco.

"A Alemanha não se deixará convencer por soluções rápidas como os eurobônus", declarou a chanceler conservadora em uma reunião com a federação de empresas familiares em Berlim. "A mediocridade não pode se tornar norma", acrescentou.

Merkel falou das enormes diferenças entre os dirigentes da zona do euro para encontrar uma saída para a grave crise da dívida, lamentando a "falta de confiança" entre seus colegas.

"Existe um falso debate entre crescimento e disciplina fiscal. Isto é um disparate", declarou.

Ela disse ainda que a falta de confiança entre os líderes europeus pode ser resolvida se forem atacadas as causas da crise, que são "o endividamento e as diferenças na competitividade".

"O perigo das propostas precipitadas de mutualização da dívida é ocultar as diferenças de potencial econômico entre os países e nivelar as taxas de endividamento dos Estados", advertiu. "Quem esconde isso termina na mediocridade. E a mediocridade não pode se tornar norma", enfatizou Merkel, fortemente aplaudida.

"Não haverá uma boa união econômica e monetária sem união política", sinônimo de abandono da soberania, disse, acrescentando: "Não posso querer eurobônus e rejeitar todo controle" sobre os orçamentos nacionais.

Na véspera, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, havia assegurado que Merkel merecia mais do que nunca seu apelido de "Senhora Não" por suas atitudes geralmente intransigentes. Nesta sexta, mais conciliador, Ayrault minimizou suas declarações e considerou que, entre amigos, "certas coisas podem ser ditas".

"É necessário que a Alemanha e a França encontrem juntas uma solução para tirar a Europa da crise. Isso passa por um diálogo mais sólido do que o que houve até agora", afirmou à rádio Europe 1.

Para tentar acalmar os ânimos e para preparar a reunião do G20, que começa na próxima segunda-feira, o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, convocou neste mesmo dia uma videoconferência com os dirigentes alemão, francês, britânico e italiano e com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

Nesta videoconferência, os líderes europeus se comprometeram a tomar medidas para assegurar a estabilidade mundial e apoiar o crescimento, segundo comunicado do gabinete do primeiro-ministro britânico, David Cameron.

"Os líderes chegaram a um acordo sobre a necessidade de que os países continuem tomando as medidas necessárias para garantir a estabilidade econômica mundial e apoiar o crescimento", afirmou Downing Street.

Apesar de o México não querer que a crise europeia monopolize a cúpula das principais economias industrializadas e emergentes do mundo, o tema será um dos mais importantes da agenda, especialmente pelo fato de que a reunião começará no dia seguinte às eleições na Grécia.

"As prioridades da União Europeia na próxima reunião incluem assegurar uma coordenação efetiva em nível mundial para um crescimento forte, sustentável e equilibrado e a implementação dos compromissos do G20 sobre a reforma dos mercados financeiros", acrescentou o comunicado de Cameron.

 

 

Europa de olho nas eleições gregas

Neste domingo, a Grécia volta às urnas, em eleições que são quase um referendo sobre a permanência do país na zona do euro.

A edição alemã do jornal Financial Times pediu em um texto de primeira página que os gregos resistam "ante a demagogia de Alexis Tsipras", líder da esquerda radical grega.

"Apenas com os partidos que aceitarem as condições dos credores internacionais seu país poderá se manter no euro", afirma o jornal.

A classe política grega considerou o texto uma provocação e o esquerdista Syriza denunciou em um comunicado uma "intervenção direta e sem precedentes, que ofende a dignidade e busca minar a democracia na Grécia".

Por fim, as turbulências prosseguiram nos outros países envolvidos na crise.

O Fundo Monetário Internacional pediu que a Espanha apresente um plano de reformas claro e coerente, menos de uma semana depois do anúncio de uma ajuda europeia aos bancos espanhóis, segundo as conclusões da missão do FMI, que desempenha um papel na supervisão do processo.

Ressaltando que esta ajuda de até 100 bilhões de euros é uma oportunidade para o país, o organismo ressalta a necessidade de "acompanhá-lo de um pacote integral de reformas em outras áreas", destacando que a previsão de redução do déficit este ano para 5,3% do PIB provavelmente "não será alcançado".

Já o governo italiano, muito pressionado pelos mercados, adotou um pacote de medidas para fomentar o crescimento econômico que inclui a venda de imóveis públicos com o objetivo de reduzir sua dívida pública.

Após um conselho de ministros de quase cinco horas, o governo anunciou, entre outras ações, a cessão de três empresas públicas, o que permitirá arrecadar 10 bilhões de euros para aliviar a dívida colossal do país, que se aproxima dos 2 trilhões e já supera 120% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O impacto será notável. Em um mês a dívida deve baixar em 10 bilhões de dólares com a venda destas importantes sociedades públicas", anunciou o vice-ministro da Economia, Vittorio Grilli.

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