AFP - Filha de líder das Mães da Praça de Maio acusada de associação ilícita
O órgão humanitário, conhecido no nível internacional por exigir os corpos de seus filhos desaparecidos na ditadura (1976-83)
Alejandra Bonafini, filha da presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, foi acusada de ser membro de uma associação ilícita em um processo no qual se investiga o suposto desvio de dinheiro da entidade humanitária, afirmou uma fonte judicial nesta quinta-feira.
"Bonafini (filha) foi formalmente acusada de ser membro de uma associação ilícita. Para a lei argentina, isso significa que está sob suspeita de integrá-la", afirmou à AFP a fonte vinculada ao processo.
Foram lidas à filha da líder humanitária "as acusações imputadas contra ela", no momento de ser questionada pelo juiz federal Norberto Oyarbide, completou a mesma fonte.
A mulher, que seguirá em liberdade e negou as acusações, é suspeita de comprar um apartamento com dinheiro de uma empresa que pertencia a Sergio Schoklender, ex-proprietário da Fundação Mães da Praça de Maio.
Schoklender encontra-se preso e é acusado de fraude e associação ilícita por desvio de fundos públicos na entidade humanitária, em meio à missão "Sonhos Compartilhados" que se dedicava à construção de moradias sociais.
A procuradoria investiga um desvio de cerca de 40 milhões de pesos (8,9 milhões de dólares) em um total de 700 milhões (156,6 milhões de dólares) pagos pelo Estado à instituição.
O ex-empresário depôs nesta quarta-feira diante da Justiça por cinco horas, nas quais acusou Hebe de Bonafini e negou ter desviado dinheiro público destinado à construção de moradias, revelou o juiz em declarações à imprensa na quinta-feira.
O órgão humanitário, conhecido no nível internacional por exigir os corpos de seus filhos desaparecidos na ditadura (1976-83) e próximo à presidente Cristina Kirchner, esteve envolvido no escândalo, mas nenhuma de suas integrantes é alvo do processo.