Rússia ameaça ataque preventivo a sistema da Otan
Makarov foi mais longe nesta quinta-feira. "Se a situação piorar, será tomada uma decisão para usar a força preventivamente", afirmou em uma conferência na capital russa, da qual participaram oficiais dos EUA e da Otan. O ministro da Defesa da Rússia, Anatoly Antonov, também alertou nesta quinta-feira que as negociações entre Washington e Moscou sobre a questão no momento se encontram "em impasse".
A montagem do sistema de defesa antimísseis no Leste Europeu é um tema espinhoso nas relações entre os EUA e a Rússia há vários anos. A ideia de construir o sistema surgiu durante o segundo governo de George W. Bush (2005-2009), quando os EUA queriam montar o sistema na República Checa e na Polônia, supostamente para conter uma ameaça balística do Irã. Os russos rejeitaram a construção do sistema e alertaram que ele mudará o equilíbrio estratégico na região. No governo de Barack Obama, que começou em janeiro de 2009, os EUA pareciam dispostos a ceder, mas então decidiram construir o sistema na Romênia e na Turquia, o qual afirmaram que usará apenas mísseis interceptores de curto alcance. A Rússia aparentemente concordou com a ideia, mas já em 2011 voltou a afirmar que o sistema minará sua capacidade de dissuasão nuclear.
As declarações de Makarov não parecem implicar em uma ameaça imediata, contudo aumentam a pressão para que Washington concorde com os argumentos russos. A conferência de dois dias em Moscou é o último evento antes de uma cúpula da Otan, que acontecerá em Chicago no final de maio. A Rússia não informou se enviará seus observadores. Makarov disse que os ocidentais desconfiam da Rússia, mesmo após o final da Guerra Fria. "Porque eles pedem a mim e a meus colegas para que deixemos de lado a desconfiança? Porque não se olham melhor no espelho?", disse.
O sistema da Otan e dos EUA de mísseis interceptores será baseado em mísseis que podem ser disparados de cruzadores Aegis. Eles preveem a construção de uma poderosa base de radares no leste da Turquia, em uma primeira etapa, e de sistemas de radares e mísseis interceptores na Romênia e na Polônia, em uma segunda. Segundo Antonov, se a Otan e os EUA desistirem de construir bases de radares e mísseis na Polônia, a Rússia não lançará um ataque preventivo. Essa é a etapa final da construção do sistema e não deverá ocorrer antes de 2018.
As informações são da Associated Press.