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Opositora birmanesa Suu Kyi inicia na Tailândia primeira viagem ao exterior

17:25 | 29/05/2012

YANGUN, 29 Mai 2012 (AFP) - A líder opositora birmanesa Aung San Suu Kyi chegou nesta terça-feira, 29, a Bangcoc para uma visita de vários dias à Tailândia, na primeira viagem ao exterior deste ícone da democracia em 24 anos.

O avião da Prêmio Nobel da Paz de 1991 aterrissou na capital tailandesa às 22h00 locais (11h00 de Brasília).

"Não sinto nada em particular. Isto faz parte do meu trabalho", afirmou Suu Kyi antes de embarcar em Yangun.

Inimiga pública número 1 da junta birmanesa até sua dissolução, em março de 2011, Suu Kyi lidera o maior partido da oposição de Mianmar, a Liga Nacional pela Democracia (LND).

Depois de anos de prisão domiciliar em Yangun e de ter evitado deixar o país por medo de não poder voltar, agora poderá desfrutar, pela primeira vez desde 1988, de uma autêntica liberdade de ir e vir.

Assim, Suu Kyi demonstra sua confiança nas reformas iniciadas pelo novo regime de ex-militares reformistas com quem ela decidiu trabalhar, começando pelo presidente e ex-premier da junta, Thein Sein.

"Ela tem confiança na situação e no processo de reconciliação e nas reformas políticas que estão em andamento", disse Pavin Chachavalpongpun, pesquisador do Centro de Estudos do Sudeste Asiático da Universidade de Kyoto, no Japão.

Esta viagem confirma que ela possui o apoio daqueles a quem sempre combateu e que esperam que ela participe do retorno de Mianmar ao cenário internacional.

"Antes que as sanções sejam retiradas, o governo precisa de mais legitimidade do que nunca e isto é o que eles esperam com a viagem de Suu Kyi", acrescentou Pavin, que agora a descreve como "uma embaixadora da boa vontade" do governo de Naypyidaw.

A agora deputada de 66 anos se reunirá com a primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, em uma data ainda não divulgada, disse à AFP o secretário-geral da chefe do governo, Thawat Boonfeung.

Na quarta-feira, Suu Kyi estará na província de Samut Sakhon, ao sul de Bangcoc, para se reunir com imigrantes birmaneses, informaram entidades não governamentais.

Os birmaneses representam cerca de 80% dos dois milhões de imigrantes registrados na Tailândia.

Suu Kyi também visitará o norte da Tailândia, onde uma dezena de campos de refugiados abriga há vários anos 100 mil birmaneses deslocados de seu país pelos combates entre o Exército e os rebeldes de minorias étnicas.

Por fim, Suu Kyi discursará no Fórum Econômico Mundial para o Sudeste Asiático, do qual participarão várias personalidades, inclusive chefes de Estado da região.

O próprio presidente birmanês, Thein Sein, deveria participar deste fórum, mas ele mesmo anunciou na segunda-feira o adiamento de sua visita até a próxima semana, sem dúvida para evitar ser ofuscado pela presença da "Dama de Yangun".

Colocada em liberdade vigiada pela primeira vez em 1989, Suu Kyi passou no total 15 anos presa na própria casa, antes de ser finalmente libertada em novembro de 2010. Em maio, recebeu seu primeiro passaporte em 20 anos.

A líder opositora deve fazer um giro histórico pela Europa em meados de junho, que inclui uma visita a Oslo, onde deverá ler o discurso que não pôde pronunciar quando recebeu o Nobel da Paz, em 1991.

Também visitará o Reino Unido, onde fez vários estudos e viveu vários anos com seu marido e filhos.

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