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Na véspera da cúpula do G8, EUA pressionam Europa a combater melhor a crise

12:11 | 17/05/2012
Entre os diversos temas da reunião deste fim de semana, estão a crise do euro e a segurança alimentar na África. Apesar de ter sentido questionado, G8 representa 15% da população mundial e dois terços da economia global. Antes da cúpula do G8 que começa nesta sexta-feira (18/05), o país anfitrião Estados Unidos pediu que a Europa atue com mais firmeza no combate à crise econômica e financeira. De acordo com o porta-voz do governo norte-americano Jay Carney, o presidente Barack Obama está insatisfeito com os europeus há muito tempo, pedindo mais apoio para estimular o crescimento econômico. Os europeus sinalizaram que responderão às críticas dos EUA nesta sexta-feira e sábado, no encontro dos oito principais países industrializados do mundo (G8) EUA, Canadá, Japão, França, Reino Unido, Itália, Alemanha e Rússia. "Colocaremos as coisas em seu devido contexto político e econômico", declarou um diplomata da União Europeia (UE), em Bruxelas. De acordo com o representante europeu, há realmente diferenças de crescimento dentro da UE, com alguns países em recessão e outros crescendo, como a Alemanha. Por seu lado, representantes do bloco apontaram para os problemas orçamentários norte-americanos. Enquanto os EUA e o Japão têm déficits de orçamento superiores a 8% do Produto Interno Bruto (PIB), a zona do euro terá uma média de 3% neste ano. Petróleo O tema petróleo também deverá ser enfocado nesta cúpula. Segundo a mídia, Obama poderia pedir que os parceiros europeus apoiassem a liberação de reservas petrolíferas estatais. O objetivo seria baixar os preços e, assim, impulsionar a indústria e a economia. Enquanto o Reino Unido e a França apoiam a medida, a Alemanha vê a iniciativa com ceticismo. Além da situação econômica e do desemprego, também os preços dos combustíveis ameaçam a reeleição de Obama. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, o novo presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e o premiê britânico, David Cameron, anunciaram uma videoconferência para esta quinta-feira (17/05). Com a participação do presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, a conversa serviria para definir posições conjuntas para a cúpula. O encontro das oito potências, que não chegará a durar 24 horas, traz uma vasta gama de temas na agenda desde a segurança alimentar na África e a questão nuclear iraniana até os planos de retirada do Afeganistão, as próximas medidas com relação à Síria e a Coreia do Norte e a proteção ambiental. França e Rússia O encontro do G8 será a primeira aparição de Hollande em palcos internacionais após a visita à Alemanha na sequência de sua posse, na última terça-feira (15/05). "Assim como na visita à Alemanha, Hollande estará sob considerável pressão de não fazer nada que possa desfazer o pacto fiscal europeu já negociado", diz Stewart Patrick, especialista em política internacional do Conselho de Relações Internacionais em Washington. Ele acredita que as exigências do socialista Hollande por um pacto de crescimento e a crise política na Grécia ocuparão a agenda. Já Vladimir Putin, reeleito presidente da Rússia, enviará em seu lugar o chefe de governo Dimitri Medvedev. "Sem a Rússia, os países do G7 representam uma comunidade de democracia avançada, que, no geral, acredita nos direitos humanos e defende pontos de vista semelhantes com relação à situação econômica global", afirma Patrick. Já a Rússia sob Putin, segundo o cientista político, caminha em uma direção autoritária e não é um parceiro confiável para questões políticas delicadas sendo as do Irã e da Síria os melhores exemplos. Sentido do grupo Apesar de sempre se questionar o sentido do "grupo dos oito", não se pode desconsiderar que estes países representam 15% da população mundial e dois terços do desempenho econômico internacional. O grupo foi criado como fórum nos anos 1970, em meio à crise do petróleo. O objetivo inicial era coordenar questões econômicas e comerciais, e hoje a política aparece na agenda na mesma proporção. Para Bruce Jones, especialista em política internacional do Instituto Brookings, o G8 foi salvo pela Primavera Árabe. "Foi um processo em que as potências ocidentais precisavam de um fórum para coordenar seus auxílios econômicos e políticos", diz. Jones considera possível uma expansão futura do G8, incluindo as potências econômicas emergentes de forma permanente ou de acordo com os temas da agenda. Para discutir a segurança alimentar na África, Obama convidou para este encontro, que acontecerá na base militar de Camp David, os chefes de Estado e de governo de Benin, Etiópia, Gana e Tanzânia. A discussão sobre esse tema é a continuação de um processo iniciado em Áquila, na Itália, em 2009. Reuniões como as do G8 dão aos participantes a oportunidade de discutir temas de maneira informal e a nível bilateral, considera Bruce. "Às vezes, isso é mais simples do que marcar um encontro formal entre dois políticos sobre um tema específico", diz. LPF/dpa/rtr/dw Revisão: Roselaine Wandscheer

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