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Morte de Bin Laden foi o dia mais importante de sua presidência, diz Obama

13:52 | 02/05/2012

WASHINGTON, 2 Mai 2012 (AFP) - O presidente americano, Barack Obama, afirmou que a morte de Osama Bin Laden há um ano foi o dia mais importante de sua presidência, em uma entrevista que será divulgada ainda nesta quarta-feira, 2.

Obama, que retornava de uma visita surpresa ao Afeganistão, concedeu na semana passada uma entrevista ao canal NBC dedicada ao ataque que matou o líder da Al-Qaeda no Paquistão, uma missão que sempre foi cercada pelo maior segredo.

"Devia ser uma operação muito discreta", afirmou Obama em declarações que devem ser divulgadas na noite desta quarta-feira e que tiveram alguns trechos postados no site do canal.

O presidente enfatizou que "apenas um punhado de membros da equipe da Casa Branca estava a par da missão" e que ele só falou a respeito com sua esposa quando a operação terminou.

"Havia, inclusive, uma suspeita de que (informação vazada) na imprensa teria feito Bin Laden fugir (de seu refúgio em Abbottabad. Nesse momento, não sabíamos se havia túneis no complexo que teriam permitido que ele escapasse", explicou.

Obama explicou que tomou a decisão sozinho, depois de consultar os membros mais próximos de sua equipe, principalmente o vice-presidente Joe Biden, a secretária de Estado Hillary Clinton, o secretário de Defesa na ocasião, Robert Gates, e o chefe do Estado-Maior conjunto Michael Mullen.

"Decidi correr o risco (...) A razão pela qual tomei a decisão de enviar os (comandos da marinha) Navy SEALs para tentar capturar ou matar Bin Laden ao invés de outras opções é que tinha total confiança nos Navy SEALs", declarou.

As autoridades tinham 50% de certeza de que Bin Laden estaria no complexo no Paquistão. Hillary e o chefe da CIA na época, Leon Panetta, se inclinaram por um ataque de comandos, mas Gates preferia um bombardeio.

Após o ataque e antes de anunciar o êxito da operação aos americanos, Obama telefonou a sua esposa, segundo a NBC. "Disse a ela que certamente não iria jantar porque tinha duas ou três coisinhas para fazer naquela noite", contou o presidente.

Excepcionalmente, Obama permitiu a entrada do canal na sala de crise da Casa Branca, na qual foi tirada a foto oficial que mostra os membros de sua equipe petrificados pela tensão no momento do ataque.

Indagado sobre sua reação sobre sua reação quando o viu as fotos do corpo de Bin Laden, Obama disse que é "incorreto dizer que pulei de alegria (...) porque era a foto de um cadáver".

"Mas, levando em conta (...) o que isso significava para as famílias (das vítimas) do 11 de setembro, o que isso significava para os filhos dos mortos nas Torres Gêmeas, aqueles que nunca conhecerão seus pais, acho que havia uma profunda satisfação pelo país neste momento", admitiu.

O presidente contou ter recebido por parte dos membros do comando que realizou a ação uma bandeira americana que os acompanhou durante a missão e que todos eles assinaram.

"Pode-se dizer que será o objeto mais importante que guardarei de minha presidência", enfatizou.

Os adversários republicanos do presidente o acusaram de tentar tirar benefícios políticos desse ataque, faltando seis meses para a eleição presidencial, depois que a equipe da campanha democrata difundiu na sexta-feira passada um vídeo publicitário sobre a eliminação de Bin Laden.

A propaganda cita declarações do virtual candidato presidencial republicano Mitt Romney, que colocou em dúvida, antes de 2008, a conveniência de "remover céus e terras, gastando milhões de dólares para capturar uma única pessoa".

Obama tenta assim capitalizar novamente a seu favor a repercussão que teve junto à opinião pública a notícia da morte do inimigo público número um dos Estados Unidos no ano passado.

No discurso que fez na véspera, durante sua visita surpresa ao Afeganistão, Obama declarou que o objetivo de derrotar a Al-Qaeda e impedir que ela volte está agora ao alcance.

Ele também fez um novo apelo aos insurgentes talibãs para que rompam com a rede terrorista, responsável pelos ataques contra os Estados Unidos em 2001, e pediu avanços nas negociações de reconciliação.

"O caminho para a paz está pronto para eles. Aqueles que se recusarem a percorrê-lo enfrentarão as forças de segurança afegãs auxiliadas pelos Estados Unidos e por nossos aliados."

Mas, além dos soldados, Obama tentou dirigir-se principalmente a seus compatriotas quase 11 anos depois da invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão após o 11 de Setembro e da posterior derrubada do regime dos talibãs que deram apoio à Al-Qaeda e a seu líder.

"Reconheço que muitos americanos estão fartos da guerra. Como presidente, nada é mais pungente do que assinar uma carta a uma família (de soldado morto) e olhar nos olhos de uma criança que crescerá sem mãe ou sem pai", disse.

"Não deixarei os americanos em perigo nem um dia além do absolutamente necessário para nossa segurança nacional. Mas devemos colocar fim a esta guerra de forma responsável", completou.

Horas depois de sua visita, os talibãs atacaram uma residência para estrangeiros em Cabul e mataram sete pessoas, no dia que a morte de Osama Bin Laden completa um ano, e, além disso, anunciaram o início, a partir de quinta-feira, de uma "ofensiva de primavera" no Afeganistão contra as forças da Otan e todos os aliados que sustentam o governo afegão.

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