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Merkel parabeniza Hollande, mas avisa que não renegociará pacto fiscal

12:03 | 07/05/2012
Líder alemã aposta na continuidade da estreita colaboração franco-alemã. Não pretende, porém, atender ao pedido do novo presidente francês de rediscutir pacto fiscal da UE. Socialistas franceses preparam-se para o poder. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou nesta segunda-feira (07/05) que receberá o recém-eleito presidente francês, François Hollande, de braços abertos em sua visita a Berlim na próxima semana. A governante veta, porém, uma renegociação do pacto fiscal europeu, pedida repetidamente por Hollande durante a campanha eleitoral. Segundo Merkel, ela e o novo líder francês acordaram em um telefonema após a votação deste domingo (06/05) trabalhar "bem e intensivamente" em conjunto. "A cooperação franco-alemã é essencial para a Europa e todos queremos que a Europa tenha sucesso", disse a chefe de governo. A líder alemã informou que Hollande foi convidado a visitar a capital do país logo após assumir o poder no dia 15 de maio, de acordo com o previsto. Merkel havia apoiado a reeleição de Nicolas Sarkozy, cujo partido UMP pertence à mesma linha conservadora do alemão CDU da chanceler federal. Durante a campanha eleitoral, o líder socialista conseguiu alguns adeptos em Berlim ao criticar a insistência de Merkel em apostar na austeridade como a saída para a crise da dívida da zona do euro. Hollande tentou mudar o foco para o crescimento. Entretanto, Merkel disse a repórteres que tanto a consolidação orçamentária quanto o crescimento são necessários na Europa e reiterou que o pacto fiscal da União Europeia (UE) assinado por 25 dos 27 países-membros da UE, com o objetivo de reduzir déficits não está em discussão. "Acredito que o pacto fiscal seja correto e, em segundo lugar, acho que não podemos simplesmente reabrir para discussão tudo o que já acordamos, após eleições em um país pequeno ou grande", afirmou Merkel. Tudo isso seria discutido com Hollande de maneira amigável quando ele visitar Berlim. A chanceler federal destacou que se vem trabalhando há tempos no contexto da UE em impulsos ao crescimento adicionais para a economia europeia. "O progresso só é realizável com finanças sólidas somadas ao crescimento, isso já é tema de discussão no Conselho Europeu e na União Europeia há muito tempo." A consolidação dos orçamentos estatais seria, para tanto, uma condição necessária. Merkel disse ser contra "programas conjunturais gigantes". Proposta de Westerwelle Neste domingo, o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, ofereceu abertamente ao vencedor das eleições presidenciais francesas um pacto de crescimento para a Europa. Insistiu, ao mesmo tempo na ratificação do pacto fiscal que deverá ocorrer nas duas câmaras parlamentares alemãs no final de maio. "Trabalharemos agora em conjunto na Europa por um pacote de crescimento, que, com mais competitividade, gera mais crescimento", disse Westerwelle. O ministro reiterou a importância da parceria entre Alemanha e França. "Que não existam dúvidas de que a França e a Alemanha continuarão a ser um fator de estabilidade e um motor da União Europeia", afirmou. Ao mesmo tempo, Westerwelle disse esperar que Hollande se distancie de algumas promessas de campanha, reforçando que o pacto fiscal está acordado. O ministro alemão definiu a vitória de Hollande, o primeiro presidente socialista francês desde 1995, como um "acontecimento histórico". Socialistas no poder Com Hollande, a França terá um presidente socialista pela primeira vez após o fim da era François Miterrand, há 17 anos. Em discurso na noite deste domingo, o novo líder agradeceu seus eleitores pela confiança. Em seguida, pediu a seus seguidores que se engajem por uma vitória da esquerda na eleição para a Assembleia Nacional, em junho. Como presidente, Hollande precisa conseguir maioria na primeira câmara do parlamento. Aguarda-se com ansiedade os efeitos que a mudança de poder em Paris terá nas políticas europeia e econômica francesas. Hollande lutará por medidas de austeridade menos rigorosas no contexto da crise do euro. "O dia 6 de maio será um novo começo para a Europa, uma nova esperança para o mundo", disse o político em seu primeiro discurso após a vitória. O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, anunciou que trabalhará em estreita colaboração com Hollande por mais crescimento na Europa. O objetivo é "uma união cada vez mais eficiente e direcionada para o crescimento econômico". O premiê britânico, David Cameron, também disse que atuará em conjunto com o presidente francês. Nesta segunda-feira, alguns nomes de políticos circularam na mídia como possíveis membros do novo governo da França. O favorito para o cargo de primeiro-ministro é Jean-Marc Ayrault, assessor especial de Hollande. Ex-professor de alemão e durante anos chefe da bancada socialista na Assembleia Nacional, ele é considerado uma alternativa moderada à chefe do partido, Martine Aubry. LPF/afp/dpa/rtr/lusa Revisão: Roselaine Wandscheer

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