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Julia Timoshenko anuncia fim da greve de fome

16:16 | 08/05/2012
Oposicionista ucraniana símbolo da Revolução Laranja protesta há quase três semanas contra condições violentas em prisão onde cumpre pena de sete anos. Cúpula em Ialta cancelada por protestos contra caso Timoshenko. A oposicionista ucraniana Julia Timoshenko pretende encerrar sua greve de fome nesta quarta-feira (09/05). A notícia foi dada por sua filha Evguenia, na terça-feira, após uma visita à detenta na prisão de Kharkiv, 450 quilômetros ao sul da capital Kiev. A ex-premiê da Ucrânia cumpre pena de sete anos por suposto abuso de cargo, e desde 20 de abril último se recusa a alimentar-se, em protesto contra o tratamento violento na prisão. Segundo Evguenia Timoshenko, sua mãe, de 51 anos de idade e símbolo da "Revolução Laranja" de 2004, será transferida para o hospital da prisão. Lá, o neurologista Lutz Harms da Clínica Charité, de Berlim, primeiramente a "orientará na saída da greve de fome", num processo que pode exigir até duas semanas. Por isso, de início não será possível tratar do seu problema nas costas. Timoshenko sofre de uma grave hérnia de disco, porém se recusa a ser tratada pelos médicos locais. Na segunda-feira, uma equipe médica ucraniana declarara seu estado como "satisfatório", após examiná-la em sua cela. Os advogados da ex-chefe de governo, em contrapartida, a consideram debilitada. Anteriormente, médicos da Charité haviam examinado Timoshenko, constatando problemas de saúde sérios, e ofereceram para que fosse tratada em Berlim. O próprio governo alemão informa que há algum tempo vem negociando com Kiev a possibilidade de a oposicionista ucraniana viajar para a Alemanha "por motivos humanitários". No entanto, a Ucrânia alega não existir base legal para tal. Num processo internacionalmente controvertido, em outubro de 2011, a representante da oposição foi condenada devido a um contrato sobre petróleo com a Rússia, alegadamente desvantajoso par a Ucrânia. Observadores acusam o presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch, de tentar "neutralizar" sua rival. Cancelamento e boicote O governo em Kiev adiou por tempo indeterminado o encontro de chefes de Estado programado para 11 e 12 de maio na localidade de Ialta, no região do Mar Negro. A medida se deveu ao fato de pelo menos dez chefes de Estado europeus, entre os quais o presidente alemão, Joachim Gauck, haverem declinado do convite, em protesto pelas condições de prisão de Timoshenko. A presidente da Lituânia. Dalia Grybauskaite, anunciou que viajará para a ex-república soviética, apesar do cancelamento da conferência. Conversas políticas com os chefes de Estado da Eslováquia, Polônia e República do Moldávia além da Ucrânia e da Lituânia estão planejadas, no lugar da cúpula, informou uma porta-voz. Grybauskaite também pretende se encontrar com Timoshenko. Ainda em protesto pelo destino da ex-premiê, numerosos políticos conclamam ao boicote do campeonato europeu de futebol, Eurocopa, a se realizar de 8 de junho a 1º de julho, na Ucrânia e na Polônia. A Comissão Europeia se distanciou demonstrativamente do evento esportivo. O Ministério das Relações Exteriores em Kiev voltou a criticar a incitação ao boicote. "Tal atitude é destrutiva", afirmou seu porta-voz, lembrando que são esperados "torcedores de mais de 100 países para essa festa do esporte". O diretor ucraniano da Eurocopa, Markiyan Lubkivsky, igualmente condenou a associação do torneio ao caso Timoshenko. "Não se resolve nenhuma causa jurídica ou política com o boicote de um grande evento esportivo", comentou. Filha visita Berlim Nesta segunda-feira, Evguenia Timoshenko, de 32 anos, esteve de visita em Berlim, onde conversou com a ministra alemã da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger. Nada foi divulgado quanto ao conteúdo ou local do encontro. Uma porta-voz do órgão declarou à DW que a conversa foi confidencial. Foi a terceira passagem pela Alemanha, neste ano, da filha da oposicionista presa em Kharkiv. Ela encontrou-se ainda com Hans-Gert Pöttering, presidente da Fundação Konrad Adenauer. Segundo a mídia, ela pretendia também reunir-se com a chanceler federal Angela Merkel e o presidente Joachim Gauck, porém isso não foi possível, revelou a porta-voz de Evguenia Timoshenko. AV/dw/dpa/afp Revisão: Roselaine Wandscheer

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