PUBLICIDADE
Notícias

Grécia terá novas eleições com radicais de esquerda em ascensão

11:14 | 16/05/2012
Após fracasso das negociações para constituir governo na Grécia, especialistas acreditam que radicais de esquerda sairão favorecidos em novo pleito. De acordo com pesquisas de intenção de voto, 80% dos gregos querem continuar usando o euro como moeda. Da mesma forma, uma porcentagem semelhante acredita que as medidas de austeridade não são viáveis da forma como estão sendo implementadas, porque levarão o país a se arruinar em tempo recorde. Os números divulgados pelas autoridades em Atenas confirmam esta tese: no primeiro trimestre de 2012, o PIB grego sofreu uma contração de mais de 6%. Existiria uma alternativa à dolorosa política de reformas? O analista político conservador Manolis Kottakis acredita que os eleitores simplesmente ignoraram este debate no último pleito e agora precisam correr atrás. Em entrevista a uma emissora de TV, Kottakis afirmou: "Na última votação, discutiu-se sobretudo se os partidos tradicionais deveriam ser punidos pela atual miséria econômica ou não. Não houve, de fato, um debate objetivo sobre os problemas atuais do país", reclamou o especialista. Segundo ele, o próximo pleito, marcado para 17 de junho, deverá acontecer a partir de outras prioridades. Para ele, desta vez os partidos precisam se posicionar claramente e apontar soluções pragmáticas. Duas frentes O jornalista político Babis Papapanayotou também espera que nas próximas eleições os movimentos de protesto não estejam em primeiro plano. Os cidadãos estão sendo chamados a assegurar o futuro do país na União Europeia, declarou o jornalista à emissora de televisão Alpha. "Nas próximas eleições, vai haver uma clara linha separando os que defendem a União Europeia e o euro e aqueles que preferem seguir outro caminho", diz Papapanayotou. Ele prevê um antagonismo entre os clássicos partidos de centro-direita e a esquerda, "embora a esquerda, desta vez, não será, como de praxe, guiada pelos socialistas, mas sim pelo partido de esquerda radical Syriza", explica o especialista. Por isso, acrescenta, espera-se que as discussões sejam ainda mais acirradas. Promessas irrealizáveis No último pleito, o partido Syriza, dos esquerdistas radicais liderado por Alexis Tsipras, conseguiu 16,78% dos votos, conquistando 52 mandatos no parlamento. Pesquisas de opinião apontam que uma nova eleição possa fortalecer Tsipras a ponto de ele reivindicar o cargo de primeiro-ministro. Durante a campanha eleitoral, Tsipras prometeu o melhor de dois mundos: ele quer que a Grécia continue na zona do euro, mas exige o fim das medidas de austeridade e uma moratória para as dívidas. Com tais promessas, Tsipras obteve sucesso entre os eleitores insatisfeitos e junto às vítimas da crise econômica. Segundo Argyrou, estas pessoas acreditam que sua situação melhoraria se partidos de esquerda assumissem o poder. "O programa econômico do partido de esquerda prevê novas contratações no serviço público, estatização e tudo o mais, exceto reformas", explica o economista. Ele lamenta que "exatamente estes políticos, vistos como jovens e dinâmicos, não apontem alternativas". Em vez disso, segundo Argyrou, querem prosseguir com o que foi feito até hoje: "E prometem a seus eleitores algo que nem é realizável", conclui. Dinheiro de onde? Em entrevistas, os políticos de esquerda são cada vez mais confrontados com a pergunta: de onde querem tirar o dinheiro para suas boas ações? E as respostas não poderiam ser mais distintas: um quer "usar recursos bancários para o crescimento econômico", o outro sugere um "empréstimo compulsório de todos os cidadãos que ganham mais de 20 mil euros ao ano". Também é cogitada a elevação da alíquota máxima do imposto de renda para 75%. Principalmente o líder conservador Antonis Samaras tenta desmascarar os políticos de esquerda como impostores, tentando posicionar a si próprio como a garantia de que o país permaneça na União Europeia. Mas isso não é tão fácil, analisa o especialista Alexis Papachelas à emissora de televisão Skai: "A questão é saber se Samaras conseguirá reunir toda a centro-direita, se poderá lapidar seu perfil como europeu e se dará oportunidades a novos nomes", observa Papachelas. Samaras precisaria enviar aos eleitores uma mensagem clara. Só assim poderia angariar os votos da classe média, que está ficando cada vez menor e que vê o futuro da Grécia na zona do euro."Essas pessoas não querem que Tsipras vença as eleições", diz Alexis Papachelas. Samaras é uma figura polêmica entre os conservadores, entre outras razões por ter obtido o pior resultado da história de seu partido no último pleito. Acima de tudo, ele assustou os eleitores de tendências econômicas liberais. Agora é sua vez de reconquistar os eleitores conservadores e neoliberais. Autor: Jannis Papadimitriou (sv) Revisão: Roselaine Wandscheer

TAGS