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Grécia enfrenta dificuldades para formar governo após eleição

07:53 | 08/05/2012
Depois de os conservadores desistirem de formar uma coalizão de governo, presidente grego deverá encarregar a esquerda radical da tarefa. Estes defendem que a Grécia fique no euro, mas não pague suas dívidas. A crise política em Atenas segue adiante. Após o chefe dos conservadores, Antonis Samaras, anunciar nesta segunda-feira (07/05) que a primeira tentativa de formar um governo falhou, a esquerda radical deverá receber a sua chance. Na tarde desta terça-feira, o presidente grego, Karolos Papoulias, pretende repassar ao chefe do partido Coligação da Esquerda Radical (Syriza), Alexis Tsipras, a tarefa de formar um governo. Ele terá um período de sondagem de três dias, de acordo com a Constituição grega. Caso também fracasse, será a vez do partido socialista Pasok, terceira maior força no Parlamento. Se ninguém conseguir formar um governo até 17 de maio, novas eleições terão de ser convocadas em junho. O Pasok havia concordado em formar uma coalizão de governo com os conservadores do Nova Democracia, mas os dois partidos somam apenas 149 mandatos de um total de 300 faltariam ainda dois assentos para uma maioria no Parlamento. Diante disso, os conservadores desistiram. "Eu tentei chegar a uma solução para um governo de resgate nacional com um duplo objetivo: o país deve permanecer na zona do euro e a orientação política do pacote de resgate deve ser mudada através de novas negociações", disse Samaras na noite desta segunda-feira. O político afirmou ter tentado de tudo para formar uma coalizão, mas os partidos ou se negaram a participar ou colocaram condições que não foram aceitas pelos demais. O Syriza partido clássico de oposição agora encarregado de formar o governo surpreendentemente acabou em segundo lugar nas eleições parlamentares de domingo. O grupo de extrema esquerda defende que a Grécia permaneça na zona do euro, mas que não pague as suas dívidas. O partido tem 52 assentos no Parlamento. Mesmo que ele conseguisse unir a dividida esquerda grega, chegaria a apenas 97 assentos, bem longe da maioria necessária de 151 parlamentares. Os comunistas já anunciaram que não pretendem negociar com o Syriza. Observadores em Atenas classificam as chances de sucesso de Tsipras como pequenas. Partidos rejeitam medidas de austeridade Os cinco partidos de esquerda e direita eleitos ao lado do Pasok e do Nova Democracia rechaçam a rígida política de austeridade colocada como condição para concessões adicionais de crédito pela União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Nenhum dos sete partidos eleitos para o Parlamento tem mais de 20% dos votos e não há maioria a favor ou contra as medidas de austeridade. Samaras reuniu-se na tarde desta segunda-feira com Tsipras, que se recusou a formar uma coalizão de governo com o Nova Democracia e o Pasok. Também o encontro com o pequeno partido Esquerda Democrata terminou sem sucesso. Já o chefe do Pasok, Evangelos Venizelos, se disse disposto a firmar a aliança. Entretanto, disse Venizelos, um governo de unidade nacional precisaria ser composto pelo Syriza e ao menos mais um partido. Para o líder socialista, deve haver um consenso mínimo sobre a permanência da Grécia na zona do euro. Pressão de fora A chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou que Atenas deve manter os acordos firmados. Também a Comissão Europeia insistiu numa adesão às reformas acordadas, tendo em vista a incerteza política. "A comissão espera que o futuro governo se atenha aos acordos a que se chegou", disse uma porta-voz em Bruxelas. Os partidos teriam de formar agora um governo com uma maioria estável. Até junho, a chamada troika formada por UE, FMI e Banco Central Europeu exige dos gregos medidas de consolidação adicionais no valor de 11,5 bilhões de euros em troca de mais fundos. Em fevereiro, os países do euro definiram um segundo pacote de resgate para a Grécia. Depois dos créditos de 110 bilhões de euros concedidos pela zona do euro e pelo FMI no primeiro programa, mais 130 bilhões deverão ser direcionados ao país. "Caso não se chegue a uma coalizão que mantenha as promessas à UE e ao FMI, o país não receberá mais dinheiro", alertou o especialista em finanças François Duhen, da CMICIC Securities. "Haverá, então, um risco de contágio para Portugal e Espanha." LPF/dpa/dapd/rtr Revisão: Alexandre Schossler

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