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G8 reúne-se em Camp David à sombra da crise europeia

16:35 | 18/05/2012
Crise europeia ofusca encontro de líderes do G8 em Camp David. Criada nos anos 1970, cúpula dos oito países mais industrializadas do mundo tem ampla lista de debates e limitado poder decisório. Esta será uma cúpula com algumas características especiais. Pela primeira vez, o recém-empossado presidente francês, François Hollande, subirá no palco político internacional. "Em Camp David, Hollande vai estar, assim como em sua primeira visita oficial à Alemanha, sob considerável pressão para não fazer nada que possa provocar a quebra do pacto fiscal europeu, opina Stewart M. Patrick, especialista em política internacional no Conselho de Relações Exteriores, em Washington. A demanda do socialista Hollande por um pacto de crescimento e a crise do governo na Grécia vão acompanhar os participantes da cúpula e são esperados pronunciamentos sobre esses temas. Mesmo assim, a lista de temas é longa para uma cúpula que terá menos de 24 horas de duração, indo desde a segurança alimentar para a África, passando pela disputa nuclear com o Irã, o plano de retirada do Afeganistão, mais providências contra a Síria e Coreia do Norte, até a proteção climática. O presidente dos EUA, Barack Obama, convidou os líderes de Reino Unido, Canadá, França, Rússia, Alemanha, Itália e Japão para se reunirem na noite desta sexta-feira (18/05) em sua residência rural de Camp David. Alienígena russo Mas Obama ganhou um bolo do novo presidente eleito russo, Vladimir Putin, que enviou seu primeiro-ministro, Dimitri Medvedev, com quem trocou de cargo. Uma situação lamentável, porque exatamente os russos são considerados por especialistas como alienígenas no clube G8. "Sem a Rússia, o G7 se apresenta como uma comunidade de democracias avançadas que acreditam em direitos humanos e que têm pontos de vista muito semelhantes em relação à situação econômica mundial", disse o cientista político Patrick, que de 2002 a 2005 trabalhou como consultor do Departamento de Estado norte-americano. Já a Rússia, sob Putin, caminha para uma direção autoritária e não é um parceiro de confiança nas questões politicamente sensíveis. Casos como o Irã e a Síria são os melhores exemplos, segundo o especialista. Ele avalia que em Camp David deverá ocorrer muito pouco progresso nesse aspecto. Dessa forma, muitos se perguntam qual a importância da cúpula do G8. Os oito países representam 15% da população mundial e dois terços do desempenho econômico internacional. É um grêmio de Estados sem vínculos, sem uma organização fixa, financiamento ou regras. Foi criado na década de 1970, em meio à crise do petróleo, como um fórum para coordenar as questões econômicas e comerciais, mas agora tanto questões políticas como econômicas compõem a agenda do grupo, embora o G20 seja tido como um fórum econômico mais poderoso e o Conselho de Segurança da ONU possua mecanismos de sanções. Convidados adicionais Bruce Jones, especialista em política internacional do Brookings Institut, acredita que o G8 foi resgatado pela Primavera Árabe. Porque aqui você tinha um processo no qual as potências ocidentais precisavam de um fórum para coordenar as ajudas econômicas e políticas", explica. Jones pode imaginar uma expansão futura do Fórum do G8, permanentemente, com as potências econômicas emergentes, ou conforme os temas da agenda. Este último caso já ocorre agora. Na reunião preparatória de ministros de Exterior do G8 em Washington, em abril, o ministro turco foi acionado para consultações sobre a situação na Síria. Obama também convidou outros países para Camp David. Os líderes de Benim, Etiópia, Gana e Tanzânia devem participar dos debates sobre segurança alimentar na África. A discussão deste tópico é uma continuação de um processo que começou em 2009 na cidade italiana de L'Aquila. Patrick Stewart lembra que as "reuniões do G8 ainda reúnem os países responsáveis pelo maior volume de ajuda ao desenvolvimento". E, finalmente, as cúpulas do G8 dão aos participantes uma oportunidade para discutir questões de maneira informal e em nível bilateral, observa Bruce Jones, do Brookings Institut. "Muitas vezes, é mais fácil do que marcar uma reunião formal entre dois líderes sobre um determinado tema. E atualmente eles têm mais necessidade de chegar a acordos do que gostariam. Autor: Christina Bergmann (md) Revisão: Soraia Vilela

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