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Festival de Cannes aposta em diretores consagrados

16:14 | 16/05/2012
Brasileiro Walter Salles é um dos diretores que concorrem à Palma de Ouro na 65ª edição do festival. Nenhum filme dirigido por uma mulher participa da mostra competitiva. O longa Paradies: Liebe manda suas protagonistas senhoras maduras da rica Europa para o litoral de águas azuis do Quênia. Elas vão em busca de amor e sexo com jovens negros africanos. O diretor austríaco Ulrich Seidl, especialista em dissecar com seu olhar os abismos dos instintos humanos, volta-se para um aspecto pouco debatido do turismo sexual global: as viagens a países africanos de mulheres brancas mais velhas, que buscam saciar suas fantasias com homens negros. O olhar crítico de Seidl deverá certamente levar o espectador à reflexão, mesmo que na croisette ensolarada de Cannes. Seidl não é o único austríaco a concorrer este ano à Palma de Ouro. Michael Haneke, que levou o prêmio máximo de Cannes há três anos por A fita branca, está presente com Liebe (amor), um drama familiar íntimo, que tem no elenco nomes como Isabelle Huppert, Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant. Da mostra competitiva participam 22 filmes de 15 países, nenhum deles dirigido por uma mulher. Encontro de "senhores idosos" É fácil constatar que o diretor do festival, Thierry Frémaux, resolveu apostar este ano em nomes consagrados. A maioria dos diretores tem mais de 60 anos e muitos deles já participaram várias vezes do festival. Uma forma de fugir do risco, com uma seleção de filmes feita em nome da segurança? A pergunta só poderá ser respondida daqui a 11 dias, quando o presidente do júri, o diretor italiano Nanni Moretti, anunciar os nomes dos vencedores. Fato é que, de qualquer forma, o festival na Côte D'Azur não pode ser considerado, ao contrário do de Berlim, um fórum para novos talentos. Da França participa da competição até mesmo o lendário Alain Resnais, do alto de seus 90 anos. Vous n'avez encore rien vu conta a história de uma trupe de atores, que se reúne para abrir o testamento de um dramaturgo. O filme é baseado numa peça de teatro de Jean Anouilh. Outra curiosidade será Holy Motors, o novo filme do ex-diretor prodígio Leos Carax (Os amantes da Ponte Neuf) sobre a trajetória de um homem que experimenta diversas formas de vida. O filme de Carax tem no elenco, entre outros, a cantora pop australiana Kylie Minogue. Presença de Hollywood A mostra competitiva de Cannes será aberta este ano pelo filme Moonrise Kingdom, do diretor norte-americano Wes Anderson. Com seu olhar grotesco e profundo sobre o presente dos EUA, Anderson apresenta ao espectador uma história de escoteiros, situada nos anos 1960. A cinematografia da América do Norte está ainda presente em Cannes com a exibição de outros longas não apenas na mostra competitiva, mas também em diversas mostras paralelas. Diretores como Philip Kaufman e Jeff Nichols e o canadense David Cronenberg, bem como o australiano Andrew Dominik, apresentam em seus filmes nomes como Robert Pattinson, Nicole Kidman, Brad Pitt e Reese Witherspoon. O cinema europeu marca sua presença com ex-vencedores da Palma de Ouro como Ken Loach (Reino Unido), Christian Mungiu (Romênia), Thomas Vinterberg (Dinamarca) e Matteo Garrone (Itália). A América Latina está representada pelo brasileiro Walter Salles, com Na estrada, e pelo mexicano Carlos Reygadas. O egípcio Yousry Nasrallah e o iraniano Abbas Kiarostami também participam da competição. Há ainda uma contribuição notável da Coreia do Sul na mostra competitiva, com os novos filmes dos diretores Hong Sang-soo e Im Sang-soo. Cinema alemão: presença periférica Já o cinema alemão este ano está fracamente representado em Cannes, confirmando a dificuldade das relações do festival francês com os filmes da Alemanha. Embora não se saiba ao certo o porquê de tal animosidade os especialistas divergem sobre a questão , fato é que da Alemanha só há este ano um punhado de curtas-metragens, algumas coproduções de filmes de diretores não alemães e um longa de Fatih Akin. O diretor de Hamburgo, de ascendência turca, traz a Cannes este ano seu Müll im Garten Eden (O lixo no Jardim do Éden) um documentário baseado em anos de observação de um povoado turco que se volta contra a construção de um depósito gigantesco de lixo. Autor: Jochen Kürten (sv) Revisão: Alexandre Schossler

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