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Espanha contrata duas agências para auditar ativos tóxicos em seus bancos

17:08 | 21/05/2012

MADRI, 21 Mai 2012 (AFP) - As autoridades espanholas anunciaram nesta segunda-feira, 21, a contratação de duas agências para auditar seus bancos e acabar com qualquer dúvida com relação ao valor de seus empréstimos imobiliários. Ao mesmo tempo, o ministro da Economia do país, Luis de Guindos, descartou nesta segunda-feira a necessidade de ajuda externa para sanear o cambaleante setor financeiro espanhol.

A contratação das consultoras Roland Berger e Oliver Wyman pretende dissipar os temores sobre o verdadeiro valor dos ativos dos bancos no setor imobiliário, cuja bolha estourou em 2008.

Apesar das garantias de Madri, muitos investidores creem que os ativos tóxicos espanhóis são maiores que o reconhecido pela Espanha, gerando temor de que o Estado tenha que socorrer os bancos com problemas.

Como consequência, os juros da dívida soberana espanhola têm subido.

Na última reforma do sistema bancário, anunciada no dia 11 de maio, o governo exigiu aos bancos novas provisões de 30 bilhões de euros, que se somam aos 53,800 bilhões de euros previstos em fevereiro.

Os bancos da Espanha possuíam 184 bilhões de euros em ativos problemáticos ao final de 2011, 60% do total dos empréstimos imobiliários.

"O objetivo dessa iniciativa é incrementar a transparência e acabar definitivamente com as dúvidas sobre a valorização dos ativos bancários na Espanha", afirmou o Banco da Espanha em um comunicado.

A auditoria realizada pelo gabinete de consultaria alemão, Roland Berger, e pelo Oliver Wyman, que é parte do grupo com sede em Nova York, Marsh and McLennan, constará de duas partes, disse o banco central.

Uma primeira consistirá em fazer uma avaliação geral dos balanços bancários na Espanha e de sua capacidade de resistência ante um cenário adverso. Seu resultado será conhecido na segunda quinzena de junho.

A outra parte do plano "será um contraste dos procedimentos de estimativa e classificação da deterioração dos ativos bancários de cada grupo bancário", explica o comunicado.

Segundo a nota, as duas consultoras contratarão três auditores até o final de maio, que se encarregarão do trabalho de campo sobre a qualidade dos procedimentos bancários para reconhecer e fazer estimativas sobre os empréstimos duvidosos.

Também nesta segunda-feira, De Guindos informou que a economia espanhola voltará a se contrair no segundo trimestre deste ano em um nível "similar" ao primeiro, quando o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,3% e marcou a entrada do país em recessão.

"O segundo trimestre vai ter um comportamento bastante similar ao que teve o primeiro trimestre", declarou o ministro, que prevê uma redução do PIB de 1,7% anual, em um fórum organizado pelo jornal econômico Cinco Dias.

"A Espanha vive um momento difícil, mas tem um governo que sabe o que deve fazer", acrescentou, reiterando as metas oficiais de redução do déficit orçamentário, apesar do desvio do objetivo inicial em 2011 (déficit de 8,9% do PIB, em vez dos 8,51% previstos).

Segundo Guindos, a Espanha não precisará "de nenhum tipo de ajuda externa" para sanear seu setor bancário, que desmorona por seus ativos imobiliários tóxicos desde a explosão da bolha imobiliária.

"Caso seja preciso, estará o Frob (fundo público de ajuda ao setor) para injetar" dinheiro, disse Guindos em um fórum realizado pelo jornal econômico Cinco Dias.

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