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Conservadores vencem e neonazistas conquistam assentos no parlamento grego

17:22 | 06/05/2012
Nova Democracia vence e Pasok fica como terceira força no parlamento. Autoridades europeias buscam garantias de que compromissos gregos com plano de austeridade serão cumpridos. Os dois principais partidos gregos sofreram perdas impactantes nas eleições legislativas deste domingo (06/05). Conforme dados do Ministério do Interior, o Pasok, partido no poder, obteve mais de 13% dos votos, deixando de ser a primeira força para ter apenas a terceira maior representação no parlamento. Os socialistas foram superados pelo partido de esquerda, Syriza, que conquistou pouco mais de 16%, tornando-se a segunda força. O vitorioso é o Nova Democracia, liderado por Antonis Samaras, com quase 20% dos votos. A extrema-direita fica com a sexta maior representação, tendo garantido mais de 7% da preferência dos eleitores. Pela primeira vez, desde o fim da junta militar, em 1974, o partido neonazista "Aurora Dourada" conquista assentos no parlamento grego, tendo direito a 25 representantes. Os resultados das eleições criam grande expectativa sobre a continuidade do plano de austeridade aplicado na zona do euro, que tem a Grécia como um país-chave.  Analistas já previam que as urnas acabariam punindo os dois maiores partidos do país, que detinham a hegemonia política na Grécia há quase 40 anos. A presença parlamentar dos dois partidos caiu de 77,4% para cerca de 33%. A sigla que sai com o maior prejuízo é o Pasok, que atravessava a crise da dívida no poder. O partido perdeu mais de 30 pontos percentuais na preferência dos eleitores. A quarta força no parlamento, com mais de 10%, é o "Gregos Independentes", um partido de direita composto por dissidentes do Nova Democracia. Difícil consenso Tanto o Pasok quanto a Nova Democracia já confirmaram que querem a manutenção da Troika, formada por União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu, no país. Porém, a nova composição do parlamento não garante ampla maioria aos dois partidos, o que pode exigir de Samaras intensa negociação política para continuar as reformas. A extrema-direita e o "Gregos Independentes" defendem a saída da zona do euro. Após reconhecer a derrota, o líder do Pasok, Evangelos Venizelos, apelou pela formação de um "governo de unidade nacional pró-europeu". No final de semana, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, disse à imprensa grega que se a Grécia abandonar os compromissos assumidos terá de enfrentar as consequências. "A adesão à União Europeia é voluntária", disse o ministro do país que mais contribuiu com os pacotes de resgate à Grécia, que chegaram a 240 bilhões de euros. A Grécia eliminou um terço dos seus débitos. O país está no quinto ano de recessão com um em cada cinco trabalhadores desempregados, bancos em situação precária e salários e pensões reduzidos em 40 por cento. Com Portugal e Irlanda também sendo resgatados e Itália e Espanha em instabilidade, o ano passado foi marcado por temores de rompimento da Grécia com zona do euro. Os receios foram reduzidos, mas não desapareceram. Resposta das urnas A mídia local enfatizou durante o final de semana a importância destas eleições para mudar o destino da Grécia. "Diante do difícil dilema entre ficar na zona do euro ou ir à falência, os eleitores vão às urnas na eleição mais crítica das últimas décadas", destacou o jornal de centro-esquerda Ta Nea. O semanário Proto Thema observou que o período eleitoral foi o mais dramático desde a queda da ditadura militar, em 1974. O centro-esquerdista Ethnos observou: "O que estamos sendo chamados a fazer é determinar com nosso voto se o país terá um futuro, ou não." O semanário alemão Spiegel publica que os políticos gregos têm atuado como "alquimistas", enquanto o suíço Le Soir diz a formação de um novo governo rapidamente é "vital" para a zona do euro. O diário de centro-direita Franfurter Allgemeine Zeitung referiu-se neste final de semana que os esforços feitos no sul da Europa para cortar gastos e implementar reformas devem continuar, do contrário "poderia haver uma péssima escalada da crise."  MP/afp/dpa/ape Revisão: Francis França  

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