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Tensão cresce no mundo antes de lançamento de foguete norte-coreano

14:34 | 12/04/2012
Coreia do Norte quer lançar foguete Unha-3. A suspeita é que, em vez de colocar satélite meteorológico em órbita, a Coreia do Norte queira, de fato, testar um míssil intercontinental. A Coreia do Norte dá sinais de que está tudo pronto para o lançamento do foguete Unha-3. No último domingo (10/04), mais de 50 jornalistas estrangeiros puderam ver de perto o foguete de 30 metros de altura e 90 toneladas, a postos na nova base Tongchang-ri, localizada a 60 quilômetros ao sul da fronteira com a China. O grupo também pôde ver o satélite meteorológico que, segundo o governo, é o motivo que leva o foguete ao espaço. A viagem de imprensa ao centro sagrado do programa espacial norte-coreano faz parte da propaganda do governo, na qual Pyongyang quis demonstrar sua suposta intenção pacífica. No entanto, o mundo continua cético. A suspeita é que, em vez de lançar o satélite, a Coreia do Norte queira, de fato, testar um míssil intercontinental. Em 2009, o Conselho de Segurança das Nações Unidas proibiu testes do tipo por meio da Resolução 1874 a medida foi também uma reação aos testes nucleares executados pela Coreia do Norte em maio daquele ano. O problema é que não há separação entre as tecnologias de foguete militar e civil, ressalta o especialista Rüdiger Frank. "Como sabemos de outros países, inclusive dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, todos os programas espaciais e isso eu digo com bastante cautela sempre atenderam a fins militares mesmo quando, originalmente, não eram voltados para a área militar." Reação imediata Washington protestou fortemente contra a iniciativa norte-coreana. Até mesmo a China manifestou preocupação. Japão e Coreia do Sul até ativaram seus sistemas antimísseis nos últimos dias. A ação visa abater possíveis destroços do foguete ou o foguete propriamente dito, caso seu curso seja desviado e o sobrevoe um dos dois países. Nesse caso, a Coreia do Norte anunciou que julgaria a reação como um ato de guerra e que revidaria "de forma resoluta e impiedosa". O Unha-3 deve deixar a base entre 12 e 16 de abril. A escolha na data não foi por acidente: em 15 de abril o país comemora os 100 anos do nascimento do fundador do país, Kim Il-Song. Há anos, a comemoração é anunciada na Coreia do Norte como um grande evento, afirma Frank. "Para tanto, é preciso que algo grandioso aconteça". O lançamento de um foguete seria bastante apropriado, acrescenta o especialista. Política da imprevisibilidade O lançamento do Unha-3 também segue o padrão de comportamento de Pyongyang observado até agora, que sempre garante um nível mínimo de tensão para a comunidade internacional. Segundo Norbert Eschborn, da Fundação Konrad Adenauer em Seul, a imprevisibilidade é o elemento chave da política norte-coreana em relação ao Ocidente. "A Coreia do Norte tem diversos problemas, principalmente no que diz respeito ao atendimento da população. E o país usa de instrumentos e métodos incomuns e mal vistos pelo resto do mundo para chamar a atenção", comenta Eschborn. Com esses métodos, o país isolado economicamente vai parar não apenas nas manchetes da imprensa mundial, como também na agenda de reuniões internacionais de alto nível. Atualmente, a Coreia do Norte tem cerca de 24 milhões de habitantes. As Nações Unidas avaliam que seis milhões deles não têm comida suficiente. Ajuda alimentar em risco Com o lançamento do foguete, o abastecimento à população deve sofrer. A iniciativa ameaça o acordo fechado no fim de fevereiro com os Estados Unidos. Na ocasião, a Coreia do Norte se comprometeu a encerrar o enriquecimento de urânio, autorizar a entrada no país dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica e interromper os testes com mísseis. Por outro lado, os Estados Unidos confirmaram a entrega de 240 mil toneladas de alimentos. Diante de experiências passadas com Pyongyang, a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, mostrou um otimismo cauteloso sobre o acordo. Nesse meio tempo, o planejado lançamento do foguete esfriou as relações entre os dois países. No começo de abril, negociações informais com delegações de alto nível, em Berlim, acabaram em escândalo. O lado norte-coreano interrompeu as negociações antes do previsto assim que os norte-americanos criticaram o lançamento do foguete. Questão de prestígio Daniel Pinkston é um especialista da ONG International Crisis Group para a Coreia. Segundo ele, a Coreia do Norte corre atrás de vários objetivos com o lançamento incluindo a propaganda para promover a exportação de tecnologia e sistemas norte-coreanos. Além disso, o país asiático quer se mostrar como uma nação forte, com a qual é preciso negociar em pé de igualdade, avalia Pinkston. No entanto, o novo ditador Kim Jong-Un quer, sobretudo, se apresentar como um homem forte durante o aniversário de nascimento do seu avô. Após os grandiosos anúncios, ele praticamente não pode mais cancelar o lançamento, sob a ameaça de desgastar sua imagem já que a posição do jovem líder está longe de ser estável. Enquanto isso, a Coreia do Norte elevou o nível de tensão: o país ameaça realizar novos testes nucleares caso sofra sanções devido ao lançamento do foguete. Autor: Matthias von Hein (np) Revisão: Roselaine Wandscheer

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