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Sarkozy aparenta serenidade mesmo ante pesquisas negativas

14:48 | 18/04/2012

PARIS, 18 Abr 2012 (AFP) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, tentava se mostrar sereno nesta quarta-feira, embora transparecesse certo fatalismo após a publicação de pesquisas negativas, uma das quais prevê uma severa derrota na eleição presidencial, cujo primeiro turno será realizado no domingo.

"A três dias pela frente, esperaremos tranquilamente", declarou Sarkozy ao canal BFM TV, respondendo a uma pergunta sobre as pesquisas que preveem sua derrota.

As pesquisas sobre intenções de voto são há tempos desfavoráveis para Sarkozy, mas duas publicadas na terça-feira à noite e na manhã desta quarta-feira pelos institutos CSA e BVA apontam uma vantagem cada vez maior para o socialista François Hollande.

Hollande lideraria os resultados do primeiro turno com ao menos 29% dos votos (entre 24 e 27% para Sarkozy) e ganharia o segundo turno com 56% a 58% dos votos.

O presidente, com evidentes sinais de cansaço no rosto, tentou minimizar o resultado das pesquisas, assegurando que a da CSA, a mais negativa para ele, está "em contradição com as outras".

"Eu me envolvi nesta campanha como nunca havia me envolvido", repetiu, reconhecendo que foi dura. Assegurou que lutará até o fim, mas não ousou anunciar a vitória, como fez dias atrás em um comício.

Além disso, muitos em campo deixaram de acreditar nela.

"O ânimo não acompanha", escreveu o jornal Le Figaro (favorável a Sarkozy), descrevendo um presidente extremamente distante durante sua visita de campanha na terça-feira a Bretanha (oeste).

O jornal afirma que "a aparente hesitação entre duas estratégias (mais à direita ou mais centrista) fez com que ele perdesse vários pontos nas intenções de transferência de votos (para o segundo turno) de eleitores da Frente Nacional (extrema direita) e do Modem" (centro).

No primeiro turno, a candidata da Frente Nacional Marine Le Pen obteria entre 14% e 17%, segundo as pesquisas, e o centrista François Bayrou entre 11% e 12%.

Nesta quarta-feira, o presidente se dirigiu mais uma vez aos eleitores da Frente Nacional, cujos votos deram a ele uma ampla vitória em 2007, advertindo contra um voto motivado pelo mau humor que só serviria para beneficiar a esquerda.

"A quem beneficia o voto por Marine Le Pen?", perguntou, e respondeu ele mesmo: a François Hollande. "Com os socialistas vai haver mais impostos" e "o direito de voto para os estrangeiros", disse.

Jérôme Sainte Marie, do instituto CSA, considerou que Nicolas Sarkozy "não consegue mais manter mobilizado" o eleitorado de direita.

"Acredito que François Hollande ganhou", considerou inclusive nesta quarta-feira o deputado europeu ecologista Daniel Cohn-Bendit, evocando "uma vontade de colocar um ponto final no mandato de Nicolas Sarkozy".

Desde o início, a campanha presidencial francesa adquiriu por alguns momentos ares de referendo a favor ou contra Nicolas Sarkozy, um presidente com uma impopularidade recorde.

De vento em popa, François Hollande segue mostrando-se prudente em relação ao resultado das eleições, com a preocupação declarada de reunir a maior quantidade de forças possíveis no primeiro turno.

Há dois dias se sucedem os anúncios de adesão a Hollande, entre eles os de ex-ministros de governos de direita, como Corinne Lepage, Jean-Jacques Aillagon, Brigitte Girardin e Azouz Begag. E, segundo uma pessoa próxima, o próprio ex-presidente Jacques Chirac teria a intenção de votar no candidato socialista.

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