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Nove mineiros presos em mina no Peru são resgatados

O presidente Ollanta Humala, autoridades e seus familiares os receberam na saída do túnel da mina de cobre Cabeza de Negro

17:21 | 11/04/2012

ICA, Peru, 11 Abr 2012 (AFP) - Os nove mineiros que ficaram presos durante sete dias em uma mina irregular de cobre no sul do Peru foram resgatados sãos e salvos nesta quarta-feira, 11, após uma semana de trabalhos que foram prejudicados pela instabilidade do terreno.

Os mineiros começaram a sair caminhando da mina um a um junto com os socorristas a partir das 07h00 locais (09h00 de Brasília), portando cada um deles cobertores e óculos escuros para se protegerem da luz do sol.

O presidente Ollanta Humala, autoridades e seus familiares os receberam na saída do túnel da mina de cobre Cabeza de Negro, cenário do drama iniciado no Peru na quinta-feira passada e que lembrou o ocorrido no Chile em outubro de 2010 com o resgate de 33 mineiros que passaram 70 dias debaixo da terra.

"Este momento é como voltar a nascer", declarou Edwin Bellido, um dos resgatados, que se reencontrou com suas duas filhas e com sua esposa em meio às lágrimas e à emoção do momento.

Uma bandeira peruana foi içada em um poste rústico na entrada do túnel por um grupo de mineiros que participaram do resgate, e depois os mineiros e Humala hastearam outra bandeira peruana diante das câmeras.

"O melhor remédio para estes compatriotas é encontrar sua família. Missão cumprida", disse a jornalistas o presidente Ollanta Humala.

"Foram dias muito dolorosos, mas desde já digo 'mineração jamais'", afirmou Nancy Fernández, mulher de Jacinto Pariona, um dos primeiros a sair.

"Meu marido trabalhava aqui há dois meses, na verdade ele não é mineiro, veio porque meu filho trabalhava nas minas e o convenceu, mas agora fará qualquer coisa menos trabalhar em uma mina", enfatizou.

Foi a falta de trabalho que obrigou seu marido a entrar no mundo da mineração informal, uma atividade realizada em condições precárias e sem as medidas de segurança.

De manhã, os mineiros foram internados para ficar em observação no hospital da Seguridade Social em Ica, onde permaneceriam entre 12 e 24 horas para serem estabilizados após o confinamento de uma semana na mina.

"Eles foram examinados e tomaram banho, estamos contentes de que tenham chegado em bom estado", disse o médico Alberto Ramírez, chefe de emergência do hospital.

No hospital, realizaram exames de sangue e radiografia dos pulmões, e foi dada ajuda psicológica devido ao risco de quadro de estresse pós-traumático.

"Passamos momentos críticos lá dentro. Tivemos que dormir sobre plásticos, sem colchões", relatou Bellido, um dos primeiros mineiros a contar sua experiência.

"Fazíamos brincadeiras e exercícios físicos para passar o tempo e não nos angustiarmos. Consumíamos os alimentos líquidos que chegavam pelo tubo que nos colocou em contato com o exterior", acrescentou.

Imagens do canal estatal mostraram que antes de sair, os mineiros percorreram de maca o trecho de 250 metros desde o refúgio onde estavam presos até a saída do túnel.

Os mineiros conversaram com o presidente peruano minutos antes de serem conduzidos a uma barraca que serve de hospital de campanha para avaliar novamente seus sinais vitais.

Nas barracas-hospital, os mineiros receberam oxigênio, líquidos reidratantes, bebidas quentes e alguns descansavam em macas.

A mina Cabeza de Negro é uma jazida informal de cobre e que é explorada em condições precárias, depois que a exploração legal da mina foi abandonada há mais de duas décadas por seus proprietários.

Neste sentido, Humala convocou "os mineiros ilegais e informais a se legalizar para que tenham boas condições de trabalho".

"Foi um trabalho impecável", explicou Antonio Apaza, técnico brigadista, que relatou que as últimas horas foram cruciais. Na tarde de terça-feira, ocorreu um deslizamento que frustrou o resgate quando estavam muito perto do outro lado.

Segundo a Defesa Civil, a distância que separou os mineiros dos socorristas desde o momento do deslizamento foi de cerca de 10 metros de rochas e terra.

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