Islamitas egípcios protestam contra governo militar
A manifestação, na praça Tahrir, centro do Cairo, foi relativamente pequena. Ao contrário do que aconteceu na semana anterior, os movimentos liberais não se juntaram aos islamitas.
"Abaixo o conselho militar", gritavam os manifestantes, pedindo que os generais que substituíram Mubarak deixem o poder.
Isso reflete a crescente oposição dos islamitas aos generais, já que até recentemente o grupo preferia se manter longe dos protestos de rua.
Muitos egípcios desconfiam que os generais estejam planejando colocar seu próprio candidato no poder ou optem por ficarem eles mesmos onde estão.
Islamitas e liberais fizeram críticas nesta semana à comissão eleitoral, indicada pelos militares, e que permitiu que o último primeiro-ministro de Mubarak concorra à presidência na eleição do mês que vem. Os dois grupos, porém, têm profundas diferenças sobre políticas e sobre o futuro do Egito.
Os islamitas conquistaram a maioria dos assentos no Parlamento nas últimas eleições. Desde então, eles têm entrado em confronto com o conselho militar, exigindo o direito de formar seu próprio governo.
Grupos liberais e seculares fazem críticas aos militares por terem prejudicado a transição e pela violência contra os manifestantes. Eles entraram em conflito com os islamitas por causa da composição do painel indicado para escrever a nova Constituição.
A composição do Parlamento, de maioria islamita, fez com que os liberais temessem uma carta magna baseada em preceitos religiosos. O painel está sendo reformulado.
Em jogo, está a antiga orientação ocidental do Egito, grande recebedor de ajuda norte-americana e aliado próximo do Ocidente. A Irmandade Muçulmana prometeu manter os laços com os Estados Unidos e seu histórico tratado de paz com Israel, mas importantes membros do grupo declararam-se contrários a essas promessas.
A comissão eleitoral anunciou na quinta-feira a lista final dos candidatos à presidência, com 13 nomes, após desqualificar 10 deles, incluindo dois importantes islamitas, mas aprovou Ahmed Shafiq, que era primeiro-ministro durante o levante que derrubou Mubarak. As informações são da Associated Press.