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Guiné-Bissau sofre golpe militar perto do 2º turno da eleição presidencial

15:07 | 13/04/2012
Autointitulado Comando Militar tomou ruas da capital, interveio em veículos de comunicação e levou o primeiro-ministro, cujo paradeiro ainda é desconhecido. Ação foi condenada pela comunidade internacional. O Exército da Guiné-Bissau justificou a tentativa de golpe de Estado nesta quinta-feira (12/04) como defesa a um suposta agressão externa das Forças Armadas de Angola ao país. Segundo os militares, um acordo secreto que iria permitir a presença de tropas angolanas na Guiné-Bissau teria sido assinado pelo primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, e pelo presidente interino, Raimundo Pereira. Ambos foram levados pelos militares e estão desaparecidos. A tentativa de golpe aconteceu às vésperas do início da campanha eleitoral para o segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para o dia 29 deste mês, e na mesma semana em que Angola anunciou a retirada da sua missão de apoio à reforma do setor militar da Guiné-Bissau (Missang). Gomes Júnior é candidato à presidência e venceu o primeiro turno com 49% dos votos. Seu principal adversário, o ex-presidente Kumba Ialá, havia anunciado sua desistência nesta quinta-feira. Ele obteve 23% dos votos no primeiro turno. Ialá e os outros quatro candidatos defenderam a anulação do pleito, alegando fraudes. Golpe político O autointitulado Comando Militar afirmou, por meio de um comunicado, que estaria de posse de um "documento secreto", o qual revelaria que uma intervenção de Angola na Guiné-Bissau receberia autorização do Conselho de Segurança e Paz da União Africana. O comunicado ressalta ainda que Angola preside o conselho atualmente fato que daria mais consistência às alegações da "forçada" intervenção armada no país. O Comando Militar, cuja composição ainda é desconhecida, afirma não ter ambições em tomar o poder no país. No entanto, para observadores, o anúncio do segundo turno pode ter sido o estopim para a intervenção armada, já que Gomes Júnior é altamente alinhado com o governo angolano, como ressaltou Paulo Gorjão, diretor do Instituto Português de Relações Internacionais e de Segurança (Ipris), em entrevista à DW. Gorjão ressaltou que as Forças Armadas na Guiné-Bissau "têm um papel altamente desestabilizador". "Elas respondem muito pouco aos incentivos da comunidade internacional no sentido de adotarem uma postura de um exército moderno, que não intervém na esfera civil, no poder político", explicou o especialista. Reunião da ONU O golpe com violência na Guiné-Bissau foi condenado por várias entidades internacionais, como a União Africana (UA) a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), e por diversos países, entre eles França e Portugal. O governo português estuda a possibilidade de envio de tropas para o país. Os Estados Unidos pediram o retorno da "liderança legítima do poder civil" no país. É lamentável que elementos do exército guineense tenham escolhido comprometer o processo democrático em Guiné-Bissau", criticou a embaixada dos EUA no Senegal. Por meio de nota, o governo brasileiro afirmou acompanhar, "com grave preocupação", os incidentes violentos ocorridos na capital de Guiné-Bissau. O Conselho de Segurança das Nações Unidas fará uma reunião de emergência nesta sexta-feira (13/04), atendendo a um pedido do Brasil, para discutir a situação. A informação foi confirmada por uma fonte diplomática da ONU. Aguarda-se, ao final do encontro, uma declaração condenando a violência e exigindo o retorno da ordem constitucional no país. Ataque à noite Na noite desta quinta-feira, militares cercaram a residência do primeiro-ministro. Ruas adjacentes foram isoladas por um cordão de segurança instalado pelos militares. Houve troca de tiros e disparos de artilharia pesada. Os paradeiros de Gomes Júnior e de Raimundo Pereira ainda são desconhecidos. Os militares passaram a ocupar vários pontos estratégicos da capital. MSB/AS/dw/lusa/afp/rtr Revisão: Roselaine Wandscheer

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