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Comunidade internacional retoma negociações sobre programa nuclear iraniano

10:29 | 15/04/2012
Diálogo sobre pretensões atômicas de Teerã foi reiniciado em clima de otimismo cauteloso. Agora a questão é recuperar a confiança mútua. Grupo 5+1 marcou para maio nova conferência com negociadores iranianos. O impasse nuclear entre o Irã e a comunidade internacional volta a movimentar-se, após 15 meses de guerra de nervos. A primeira rodada de conversas, neste sábado (14/04), na capital turca Istambul, foi avaliada como positiva, por ambas as partes. Uma nova reunião foi marcada para 23 de maio próximo, na capital iraquiana Bagdá. Esses encontros são considerados a última chance de evitar eventuais investidas militares de Israel contra instalações nucleares iranianas. "As discussões sobre as questões nucleares ligadas ao Irã foram construtivas e úteis", disse a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, demonstrando um otimismo cauteloso. "Esperamos que os encontros subsequentes levem a passos concretos no sentido de uma solução abrangente por negociação, restaurando a confiança internacional na natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano". Agora, a questão é recuperar a confiança mútua, até a conferência em Bagdá, mantendo a meta de desativar "passo a passo" o programa atômico do Irã, explicitou Ashton. A base das negociações deverá ser o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, observou a diplomata. O Grupo 5+1, encarregado da questão iraniana, reconhece plenamente o direito do Irã ao emprego pacífico da energia atômica. O grupo é formado pelos cinco países com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia mais a Alemanha. "Mudança de tom" entre potências O Irã também manifestou otimismo sobre o encontro em Istambul. "O importante é que a retórica das potências mundiais mudou. Num clima de respeito mútuo, é possível chegar a resultados", comentou o chefe da delegação de negociadores iranianos, Said Jalili. Nos últimos meses, o clima esteve extremamente carregado e marcado por ameaças militares. Entretanto, o país asiático rejeitou a proposta dos Estados Unidos de um encontro bilateral paralelo. Washington e Teerã romperam laços diplomáticos após à Revolução Islâmica de 1979 no Irã, a qual derrubou o xá Mohammad Reza Pahlavi, apoiado pelos norte-americanos. "Uma coisa é certa: há muito já se foi o tempo de jogos táticos, de qualquer natureza", observou o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, em Berlim. "O mais importante é que tenhamos marcado um encontro subsequente, e que haja a vontade de embarcar num processo substancial. Queremos uma solução política", declarou ao jornal Bild am Sonntag após o encontro. Medo de bombas Segundo a delegação iraniana, o país propôs que ele mesmo transforme em bastões combustíveis seu urânio com mais alto teor de enriquecimento, sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo informações próprias, Teerã possui atualmente quase 100 quilos da substância radioativa, enriquecida em 20%. Enquanto o Ocidente teme que os iranianos acabem empregando a capacidade de enriquecer urânio na construção de bombas atômicas, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, insiste no direito de usar a tecnologia atômica para a produção de energia e pesquisa médica. O jornal alemão Süddeutsche Zeitung noticiou neste sábado que, no passado, um elemento para a ignição de ogivas nucleares foi testado na base militar de Parchin, ao sudeste de Teerã. A AIEA também vê o local com ceticismo e insiste na realização de inspeções. AV/dpa/afp/ap/rtr Revisão: Luisa Frey

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