Com Cuba, reunião das Américas pode acabar
"Todos os países aqui na América Latina e no Caribe querem que Cuba esteja presente. Mas os Estados Unidos não aceitam", disse o presidente Evo Morales da Bolívia. "É como uma ditadura", disse ele. Morales e outros líderes de esquerda foram insistentes em afirmar que este será o último encontro organizado pela Organização das Nações Unidas ao menos que Cuba seja convidada a participar.
O principal conselheiro internacional da presidente brasileira Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, disse que esta questões podem fazer com que o "summit" termine sem uma declaração final.
Os assistentes do presidente norte-americano Barack Obama explicaram que a posição dos Estados Unidos deve-se à objeção do país contra a falta de democracia do governo cubano. Mas um chefe da administração dos EUA disse que a questão não foi levantada em nenhum dos encontros que Obama teve com líderes da Guatemala, El Salvador, Argentina e Peru.
Os ministros das Relações Exteriores da Venezuela, Argentina e Uruguai disseram que seus presidentes não assinarão qualquer declaração em conjunto a não ser que EUA e Canadá remoam seu veto à participação cubana em futuros encontros. A questão cubana levou o presidente do Equador, Rafael Correa, a boicotar o summit.
Mesmo governos moderados, como os do Brasil e Colômbia, disseram que não haveria mais summits nas Américas sem a presença da ilha comunista. A administração Obama facilitou de forma expressiva a viagem de famílias para Cuba, mas não retirou o embargo americano à ilha, que já dura 50 anos.
A influência comercial e política norte-americana na América Latina está declinando à medida que a China ultrapassou os EUA como principal parceiro comercial, e muitos analistas acreditam que estes encontros regionais tendem a ser improdutivos e só fariam sentindo se a pauta for constituída de questões substantivas.
"O rótulo 'Américas' não significa muito ao menos que você seja um cartógrafo", disse o analista Adam Isacson, do Washington Office.
Na reunião deste final de semana, Obama foi criticado por alguns líderes por se recusar a abandonar a guerra contra as drogas, que já custou a vida de dezenas de milhares de pessoas e afetou governos, embora ele tenha escutado os argumentos dos outros governantes. "Eu não me importo em debater assuntos como a descriminalização das drogas", disse ele. "Eu pessoalmente não concordo que esta seja a solução para o problema", afirma. As informações são da Associated Press.