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AFP - Timor Leste elege seu presidente depois de várias décadas de violência

09:22 | 16/04/2012
DILI, Timor-Leste, 16 Abr 2012 (AFP) - O Timor Leste votou nesta segunda-feira no segundo turno da eleição presidencial, considerada uma prova para a jovem nação. Os centros de votação abriram cedo para receber os 630.000 eleitores que decidirão quem vai substituir o presidente e Nobel da Paz José Ramos-Horta, eliminado no primeiro turno. Depois de encabeçar a votação de 17 de março, com quase 29%, Francisco Guterres "Lu Olo", chefe do Fretilin (esquerda e principal partido de oposição), enfrenta na qualidade de favorito o general Taur Matan Ruak, o ex-chefe das forças armadas e candidato do CNRT (centro-esquerda, no poder), que conseguiu 26%. Depois de várias décadas de violência, os habitantes de Timor foram às urnas na esperança de uma paz duradoura na hora de designar o sucessor de Ramos-Horta. A eleição presidencial, seguida das legislativas de 7 de julho, é a segunda desde a independência em maio de 2002 deste minúsculo país de 1,1 milhão de habitantes, em sua maioria católicos. Os dois candidatos ao segundo turno viveram durante anos na selva, no comando da guerrilha contra as tropas indonésias que invadiram o país depois da retirada da potência colonial portuguesa, em 1975. "Lu Olo", de 57 anos, tem em apoio todo o peso de seu partido, a Frente Revolucionária de Timor Leste, que conserva certo prestígio entre a população por ter comandado os combates contra as tropas indonésias que invadiram o país pouco depois da saída de Portugal, em 1975. Mais de um quarto da população foi dizimada no conflito até 1999. "Lu Olo" enfrentará Taur Matan Ruak, que também combateu nas fileiras da guerrilha. "Lu Olo" havia sido derrotado de forma esmagadora na última eleição presidencial, em 2007: Ramos Horta ganhou no segundo turno com 69% dos votos. "Lu Olo" enfrentará desta vez o general Taur Matan Ruak, ex-chefe das forças armadas, que também combateu nas fileiras da guerrilha. Enquanto "Lu Olo" diplomou-se como advogado e se dedicou à política, convertendo-se em presidente do Parlamento de 2002 a 2007, Taur Matan Ruak seguiu como militar. Taur Matan Ruak, conhecido como "TMR", um nome de guerra que significa "olhos penetrantes", foi comandante das Forças de Defesa de Timor Leste (Falintil), o braço armado da Fretilin. Desde então, jamais deixou de vestir o uniforme, dirigindo as forças armadas até 2011. E foi vestido de militar que este general de 55 anos fez campanha, prometendo instaurar o serviço militar. As Nações Unidas recomendaram em um informe que TMR fosse acusado por um suposto tráfico de armas durante os episódios de violências de 2006, quando Timor esteve à beira da guerra civil. Apoiado pelo CNRT, o partido de centro-esquerda do atual primeiro-ministro Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak pode ser afetado pelos escândalos de corrupção que atingiram o governo: a ministra da Justiça foi recentemente suspensa após a abertura de uma investigação contra ela. O futuro presidente terá grandes desafios a assumir: garantir uma paz duradoura, apesar da saída da força da ONU, prevista para o fim deste ano, e tirar seus compatriotas de uma pobreza que continua sendo endêmica, apesar dos promissores recursos de hidrocarbonetos.

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