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Venizelos deixa governo e lidera socialistas na campanha eleitoral grega

13:46 | 19/03/2012
O político, que ficou conhecido internacionalmente por seu papel-chave na crise do euro, tem agora a missão de recuperar o prestígio do partido socialista, bem atrás nas pesquisas eleitorais. O ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, deixou nesta segunda-feira (19/03) o cargo para se dedicar à campanha para as eleições parlamentares na Grécia. No domingo, ele havia sido eleito líder do Partido Socialista (Pasok) com 97% dos votos. Confiante, Venizelos promete o aparentemente impossível: conseguir maioria absoluta para o Pasok bem abaixo do Partido Conservador nas pesquisas nas eleições parlamentares antecipadas, previstas para acontecer no final de abril ou início de maio. Os socialistas, que em 2009 obtiveram 44% dos votos, contam agora com 9% a 15% das intenções de voto, segundo pesquisas eleitorais. O Pasok compõe no momento a coalizão de governo ao lado do Partido Conservador e foi presidido por Giorgos Papandreou até janeiro. O partido é visto como corresponsável pela situação econômica grega e pelas medidas de austeridade mais duras da história recente do país. Apesar disso, Venizelos se mostra otimista e deposita suas esperanças na campanha eleitoral. Estreita relação com a Igreja Ortodoxa Em tempo recorde, Venizelos professor de Direito natural da cidade de Tessalônica, no norte do país conseguiu chegar ao topo do Pasok, nos anos 1990. Antes disso, havia se destacado como advogado do líder socialista Andreas Papandreou, que era acusado de corrupção. Como porta-voz do governo, como ministro da Justiça ou da Cultura, ou simplesmente como eminência parda do partido, Venizelos se impôs mais pelo seu faro pelo poder do que pela sua competência técnica. Uma lei de autoria dele para expropriação de bens particulares da antiga família real foi bem recebida pelos eleitores socialistas, mas desencadeou uma briga que duraria anos e levaria à condenação da Grécia pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Venizelos também chamou atenção nos tempos em que foi ministro da Cultura. Em 2003, quando a Igreja Ortodoxa protestou contra uma pintura do artista belga Thierry de Cordier que mostrava um órgão genital masculino diante de um crucifixo, o ministro fez com que a obra fosse imediatamente removida de uma exposição em Atenas. Ele alegou que a arte é limitada pela lei, assim como pelo bom senso no gosto. Desde esse incidente, a relação de Venizelos com a Igreja é vista como muito próxima. Possivelmente foi essa a razão para que em julho de 2011, como ministro das Finanças ele garantisse ao arcebispo Hieronymus, chefe da Igreja Ortodoxa, que a remuneração dos clérigos ortodoxos pelo Estado fosse uma "obrigação contratual". Isso também se aplicaria em tempos de crise. Essa "obrigação contratual" custa aos contribuintes gregos mais de 200 milhões de euros por ano. Demissões após más notícias Venizelos desempenhou um papel-chave nas recentes negociações para o pacote de ajuda financeira à endividada Grécia. A maioria dos gregos afirma que o político de 55 anos executou bem sua função como ministro das Finanças, principalmente considerando que a tarefa confiada a ele era quase impossível de ser executada. Em setembro de 2011, especialistas em finanças do Parlamento grego anunciaram que o deficit da Grécia seria de cerca de 9% naquele ano e, assim, bem maior do que o previsto anteriormente em declarações oficiais. Segundo a mídia grega, Venizelos exigiu imediatamente a demissão dos cientistas, chamando-os de "incompetentes". Posteriormente, verificou-se que os especialistas em Finanças tinham razão. Mas eles não recuperaram seus empregos. Autor: Jannis Papadimitriou (lpf) Revisão: Alexandre Schossler

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