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Preocupações sobre Espanha dominam reunião do Eurogrupo na Dinamarca

14:38 | 29/03/2012

BRUXELAS, 29 Mar 2012 (AFP) - A Eurozona está em um nova corrida para reforçar suas barreiras contra a crise financeira, em um momento em que aumentam os temores com relação à Espanha, quarta economia da união monetária, sacudida nesta quinta-feira por uma greve geral, na véspera da votação de um orçamento com duros ajustes para o país.

Nesse contexto, os ministros de Finanças dos 17 países da Eurozona se reunirão na sexta-feira a partir das 09H00 (07H00 GMT; 04H00 de Brasília) em Copenhague para reforçar sua principal arma contra a crise: o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês), que entrará em vigor em julho.

Os ministros, que estenderão no sábado sua reunião aos 27 países da UE, estão atentos aos detalhes do orçamento geral da Espanha para 2012, que o governo desse país deve aprovar nesta sexta-feira e que, ao que tudo indica, será extremamente austero.

Madri deve detalhar como fará para alcançar este ano a meta de déficit público de 5,3%, a qual se comprometeu com Bruxelas, após registrar 8,51% de seu PIB em 2011 e para o qual precisa de um ajuste estimado entre 41,5 e 55 bilhões de euros.

"Os dados de 2012 são muito sensíveis e refletem uma equação complicada de ser resolvida, na qual será preciso combinar realismo e ambição", disse uma fonte europeia.

Nesta quinta-feira, o país vive uma greve geral antes da grande mobilização da tarde contra a reforma do mercado de trabalho e as políticas de austeridade decretadas pelo governo conservador de Mariano Rajoy.

Esta semana, vários dirigentes e empresários expressaram abertamente suas preocupações com relação ao estado das finanças espanholas. O banco Citi disse em um relatório que é "pouco provável que o déficit prometido de 5,3% do PIB em 2012 e 3% em 2013 seja alcançado".

Desde o início da crise mundial em 2008 e do estouro da bolha imobiliária espanhola - um setor que foi o motor da economia do país durante mais de uma década - a Espanha apresentou um crescimento apático e um contínuo aumento do desemprego.

Por isso o debate sobre o reforço do ESM, que é uma condição exigida pelo G20 e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para contribuir com a Eurozona, é fundamental.

Tudo indica que os ministros decidirão acumular os fundos já concedidos pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês) aos do mecanismo que o substiuirá, o ESM, o que permitiria levar a 700 bilhões de euros a capacidade total de empréstimos.

Berlim - considerado até agora o obstáculo principal ao fortalecimento do fundo europeu - já se declarou disposto a um compromisso para aumentar a potência do ESM.

"O ESEF será dissolvido no próximo ano, como estava previsto, mas 200 bilhões já foram distribuídos e pode ser que sejam mantidos em paralelo os 500 bilhões de euros do ESM", disse esta semana a chanceler alemã, Angela Merkel.

Segundo a proposta de Merkel, os fundos já prometidos a Grécia, Irlanda e Portugal, por um total de 192 bilhões de euros (200 bilhões aos que ajude a chanceler) se juntarão aos fundos do ESM, até que os países tenham o crédito.

A Comissão Europeia planejava ir mais longe, somando uma reserva de 240 bilhões de euros, correspondente aos fundos do EFSF que ainda não tenham sido utilizados, o que elevaria o teto da barreira 940 bilhões de euros. Quase um trilhão de euros, como pediu a OCDE.

Contudo, os deputados alemães do governo de Merkel não estão dispostos a apoiar essa ação.

Merkel reconheceu, no entanto, "uma sensibilidade relativamente grande" nos mercados, observando os altos juros pagos por Portugal e Espanha para emitir títulos nas últimas semanas.

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