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Nova Zelândia silencia em tributo aos mortos no terremoto do ano passado

Aproximadamente 60 mil pessoas se reuniram Parque Hagley, para um memorial solene em condolências aos 185 mortos

12:05 | 22/02/2012

CHRISTCHURCH, Nova Zelândia, 22 Fev 2012 (AFP) - A Nova Zelândia fez silêncio por dois minutos nesta quarta-feira, 22, para recordar o primeiro aniversário do devastador terremoto em Christchurch, que deixou 185 mortos.

Às 23h51 (04h08 no horário de Brasília) - momento em que o terremoto com 6,3 graus de magnitude atingiu a segunda maior cidade da Nova Zelândia - a nação ficou em silêncio em homenagem aos mortos.

Em torno de 60 mil pessoas se reuniram para um memorial solene no Parque Hagley, em Christchurch, onde as famílias das vítimas deram as mãos e abaixaram as cabeças.

Alguns choravam enquanto outros fechavam os olhos para orações, com apenas o som do choro de um bebê rompendo o silêncio antes de 185 borboletas serem soltas em um gesto que, segundo os organizadores, era símbolo das almas que partiram e de renascimento.

Diante do memorial público, o premiê John Key disse ter vivido um de "seus dias mais sombrios" no poder. Key afirmou que o terremoto "causou estragos em uma escala inimaginável", mudando Christchurch para sempre.

"Ele revirou edifícios, devastou estradas, destruiu casas e nos chocou", discursou em uma cerimônia ecumênica. "Pior que isso, roubou de nós 185 entes queridos e feriu muitos outros".

Key relembrou a visita à Praça Latimer, em Christchurch, horas após o terremoto, quando incêndios atingiam os prédios desmoronados, a poeira asfixiante invadia o ar, sirenes soavam e os tremores secundários ainda sacudiam a cidade.

"Era a Nova Zelândia, mas não uma Nova Zelândia que eu já havia visto antes... o terremoto revirou o cotidiano de Canterbury, mas não mudou o espírito pelo qual é conhecida", afirmou.

Key também reconheceu a frustração dos moradores de Christchurch pelo atraso dos 25 bilhões de dólares para o programa de reconstrução após os constantes tremores, incluindo alguns mais amplos nos meses de junho e dezembro, causando danos maiores.

"Temos uma longa jornada pela frente", afirmou, reiterando o compromisso do governo do governo para reconstruir a cidade.

Marcando suas palavras, um abalo de 2,9 graus de magnitude, pequeno nos padrões de Christchurch, atingiu aproximadamente dez quilômetros da costa perto de Christchurch, cerca de 20 minutos depois do fim da cerimônia.

Key ainda prestou tributo aos socorristas da Nova Zelândia e no exterior pelos esforços no desastre.

"Esse será também um dia em que, no pior dos tempos, o melhor dos valores humanos estava sendo visto. Esse espírito é algo que terremoto algum poderá levar".

No memorial do Parque Hagley, o governador-geral da Nova Zelândia, Jerry Mateparae, leu uma mensagem de condolências do Príncipe Charles e foi passado um vídeo da Secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que visitou a cidade pouco antes do terremoto.

"Mesmo aqueles que estavam longe nesse dia terrível dividiram sua dor e todos sabemos que tem sido uma grande luta", ela disse.

A primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, também mandou condolências, dizendo que a tristeza de seu país em relação ao desastre não tinha diminuído no ano que passou.

No Japão, um memorial com aproximadamente 150 pessoas em traje de luto foi realizado na Universidade de Toyama de Línguas Estrangeiras, que perderam 12 estudantes no terremoto.

"Ainda que não possamos vê-los, 12 amigos, vocês estão em nossas mentes", afirmou o sobrevivente Narumi Kuroda.

O servente Murray Straight estava entre as 140 pessoas e organizações condecoradas com prêmios de heroísmo por suas ações durante o desastre.

Straight, que usou uma escada para socorrer 15 pessoas presas no primeiro piso de uma loja parcialmente desmoronada, contou que os constantes tremores que ainda abalam Christchurch fizeram de sua vida uma montanha-russa emocional.

"Toda vez que temos algum tipo de tremor, um carro passa e o chão treme um pouco, é como um novo terremoto. É o começo de um enorme novamente? Isso nos testa o tempo inteiro", ele informou à AFP.

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