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Merkel defende o euro durante visita à China

08:57 | 02/02/2012
Em discurso em Pequim, chanceler federal Angela Merkel diz que a Europa está crescendo unida na crise e que o euro tornou a União Europeia mais forte. China garante apoio, mas não dá detalhes sobre possível ajuda. Um dos objetivos da viagem de três dias da chanceler federal alemã, Angela Merkel, à China é aumentar a confiança internacional na zona do euro, após a crise da dívida que abalou a Europa e deixou a Grécia à beira da falência. Em discurso na Academia Chinesa de Ciências Sociais, em Pequim, nesta quinta-feira (02/02), Merkel afirmou que a moeda comum fortaleceu a União Europeia (UE). "A Europa está crescendo unida na crise", declarou a chanceler federal. Segundo Merkel, o continente superará a crise da dívida pública com maior disciplina fiscal e supervisão orçamentária. Além disso, os países teriam de diminuir a burocracia e barreiras para a geração de emprego, se quiserem crescer. "Cada país deve fazer sua tarefa de casa, mas somos solidários, pois uma moeda comum precisa ser defendida em conjunto", disse, destacando o papel da Alemanha, que beneficia-se com o euro por ser um país exportador. Após o discurso, Merkel encontrou-se com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. Durante o encontro, Jiabao garantiu apoio à UE, mas disse que os europeus precisam elevar seus próprios esforços para o combate à crise. Segundo ele, a China está avaliando como ajudar por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas "os países endividados da UE precisam tomar decisões dolorosas e fazer seu dever de casa". Wen Jiabao disse que são necessárias reformas nas políticas orçamentárias e financeiras dos países europeus. O líder chinês declarou ainda que seu país avalia uma grande participação nos fundos de resgate do euro, mas ainda não sabe como essa ajuda poderá se dar. Cerca de um quarto dos 3,2 trilhões de dólares que os chineses possuem em reservas cambiais correspondem a ativos em euros. Relações econômicas No seu discurso, Merkel destacou também a importância econômica da China para o bloco. A Alemanha é o parceiro comercial mais importante do país asiático na UE e "de acordo com previsões, a China poderia se tornar o maior mercado de exportação da Alemanha no próximo ano". Os principais itens alemães exportados são máquinas e produtos de alta tecnologia. A condição para uma relação econômica duradoura com a China seria, porém, a existência um mercado livre e a proteção explícita à propriedade. Merkel pediu claramente por chances iguais para empresários alemães no país. "O mercado alemão está aberto para empresários chineses. Queremos ser tratados da mesma maneira que os concorrentes nacionais", disse Merkel. Enquanto isso, líderes chineses veem Merkel e a Alemanha como a voz definitiva na crise europeia, em parte por causa da força econômica alemã comparada à dos países vizinhos, afirmam analistas. Influência internacional Além da moeda europeia e das relações econômicas, Merkel também mencionou em seu discurso controversas questões internacionais. Tendo em vista a violência adotada pelo regime do presidente Bashar al Assad na Síria, a chanceler exigiu uma resolução das Nações Unidas algo "indispensável". Espera-se que a líder europeia peça o apoio de Pequim. Com relação à disputa nuclear com o Irã, a chanceler alemã pede que a China faça valer sua influência. Alemanha e China concordam que o Irã como potência nuclear é algo indesejável, tendo Jiabao afirmado que Pequim "opõe-se severamente" às armas nucleares. Mas o primeiro-ministro chinês voltou a descartar a adoção de sanções contra a República Islâmica, afirmando que "sanções não resolvem os problemas". O Irã terceiro maior fornecedor de petróleo à China afirma que seu programa nuclear é para uso civil. "A questão é como a China pode fazer melhor uso de sua influência para fazer o país entender que o mundo não precisa de outra potência com armas nucleares", afirmou Merkel. Ela espera também que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprove uma resolução unânime sobre o assunto. O especialista em relações entre China e Oriente Médio Li Xiangang, do Instituto Chinês de Estudos Internacionais, diz que a China só agiria depois que a Agência Internacional de Energia Atômica enviasse inspetores ao Irã. Segundo Li, a China acredita no uso da energia nuclear para fins pacíficos. "Sanções energéticas contra o Irã apenas farão com que os preços mundiais do petróleo subam e afetarão a recuperação econômica global. É por isso que a China não apoia mais sanções ao Irã", afirma Li. Nesta sexta-feira, a chanceler federal alemã viaja para a metrópole de Cantão, no sul do país, onde cerca de 500 empresas alemãs atuam. LPF/dpa/afp/rtr Revisão: Alexandre Schossler

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