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Indicação de presidente revela racha na coalizão alemã

10:37 | 21/02/2012
Os principais partidos políticos da Alemanha chegaram a um difícil consenso, no fim de semana, para apontar Joachim Gauck, um teólogo e ex-dissidente da Alemanha Oriental, como próximo presidente alemão. A decisão, porém, expôs duras divisões no seio da coalizão de centro-direita da chanceler alemã, Angela Merkel, informa o Wall Street Journal. Uma assembleia especial escolherá em 18 de março o novo presidente, mas há consenso sobre o nome de Gauck.

Os problemas para Merkel começaram quando o parceiro menor da coalizão, o Partido Liberal Democrata (FDP), recusou-se a apoiar qualquer um dos candidatos conservadores apresentados pela União Democrata Cristã (CDU) de Merkel. Na sexta-feira, o presidente Christian Wulff renunciou, em meio a uma investigação de supostas irregularidades cometidas por ele ainda quando era governador. O FDP preferiu apoiar Gauck, candidato preferido pela principal força oposicionista, o Partido Social Democrata (SDP), e também pelo Partido Verde. Merkel rejeitou dois anos atrás a indicação de Gauck, preferindo escolher Wulff.

O posto de presidente alemão é basicamente cerimonial, com pouco peso político. O processo de escolha do nome, porém, pode tornar-se um evento que influencia o futuro de uma coalizão.

O FDP tem perdido apoio popular, e Merkel teria ficado furiosa com o apoio do partido a Gauck, segundo uma pessoa envolvida nas negociações. A chanceler logo percebeu, porém, que não havia como convencer os aliados do FDP a apoiarem outro nome. Temendo um racha na coalizão, Merkel aceitou logo Gauck.

"Esta é uma derrota para Merkel", disse Gerd Langguth, cientista político da Universidade de Bonn. Com a perda de popularidade, o FDP busca também estabelecer alguma diferença em relação ao CDU, notou o analista.

Gauck tornou-se mais famoso na Alemanha após a unificação do país, em 1990, quando foi apontado para comandar uma agência encarregada de preservar e estudar milhões de documentos arquivados com dados sobre os cidadãos elaborados pela polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi. Gauck tornou-se famoso por suas defesas apaixonadas da liberdade de expressão e da democracia.

Comprometido com a não-violência, Gauck é uma figura popular entre a maioria dos alemães. Em pesquisa recente, 54% dos consultados preferiam ele como o 11º presidente do país.

"É bom que o desejo da maioria dos alemães tenha superado os jogos políticos partidários da chanceler", afirmou Thomas Oppermann, deputado do oposicionista SDP. "Qualquer outra solução apenas aprofundaria as consequências do caso Wulff", afirmou ele. As informações são da Dow Jones.

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