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Dois jornalistas estrangeiros morrem em novos ataques a rebeldes na Síria

16:12 | 22/02/2012
Governo afirma que ambos não tinham registro de entrada no país e pede que profissionais em situação ilegal procurem as autoridades. Organizações querem criar corredores humanitários nas áreas mais atingidas. Dois jornalistas ocidentais estão entre os 57 mortos nesta quarta-feira (22/02) pelas forças militares sírias, segundo ativistas da oposição. Eles acusam o governo de terem atacado intensionalmlente o prédio onde estavam pelo menos seis jornalistas, na periferia da cidade de Homs. O ministério nega as acusações de que teria feito os ataques intencionalmente, e afirma que não tinha registro da entrada da britânica Marie Colvin experiente correspondente de guerra do jornal Sunday Times, de Londres e do fotógrafo freelancer francês Remi Ochlik em território sírio. Horas depois dos ataques, o Ministério da Informação na Síria disse que jornalistas ilegais no país devem se identificar para o governo na próxima terça-feira. "O Ministério pede para que todos os jornalistas estrangeiros que entraram ilegalmente na Síria vão ao centro de imigração e passaporte mais próximo para resolver sua situação de acordo com as leis em vigor", afirmou o governo por meio de um comunicado na televisão estatal. As autoridades permitiram recentemente que jornalistas estrangeiros trabalhem no país, mas obriga-os a viajar com inspetores do Ministério da Informação. Repressão crescente A ação das tropas marca uma intensificação na repressão por parte do governo, em uma ofensiva que já dura três semanas e pretende quebrar a resistência em Homs. A vice-secretária-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, pediu ao presidente sírio Bashar al-Assad na terça-feira a liberação da entrada de organizações humanitárias no país, a fim de que possam oferecer ajuda à população. Segundo testemunhas, a situação é desoladora. No centro de resistência e dos ataques das tropas leais ao governo vivem 80 mil pessoas. Muitos sobreviventes dos últimos ataques não têm o que comer. "Hospitais são frequentemente bombardeados. Os médicos os reconstroem, mas eles são novamente atingidos. Agora os feridos são levados a abrigos mais seguros. Não temos mais o que comer. Onde estão as organizações de direitos humanos, a Cruz Vermelha?", questiona um morador. Corredor humanitário A Cruz Vermelha Internacional é a única organização estrangeira com representantes em Damasco. Há dias vem sendo negociado com o governo sírio um cessar-fogo e a criação de um corredor humanitário, para levar ajuda a Homs e outros locais onde os resgates são urgentemente necessários, como Hama, Deraa e Zabadani. Maior centro de resistência, Homs está completamente isolada. No entanto, a oposição desconfia que as negociações para a criação de um corredor de ajuda possam abrir espaço para que as tropas de Assad entrem na região e alcancem uma vitória definitiva sobre os rebeldes. "Obviamente este é um tema delicado, mas é preciso entender que somos uma organização neutra, apartidária, humanitária. Nossa meta não é encontrar saídas políticas para o conflito", ressaltou o porta-voz da Cruz Vermelha. "Buscamos apenas acesso a pessoas em situação de emergência e para isso não outro caminho que não o diálogo com todos os lados". Os moradores ressaltam que não apenas os feridos pelos ataques precisam de ajuda. Doentes e grávidas também necessitam de assistência médica. A oposição defende uma intervenção militar no país como única saída para conter o banho de sangue, conforme afirmou Basma Kodmani, do Conselho Nacional Sírio, de oposição, nesta quarta-feira em Paris. "Temos dois males: intervenção militar ou guerra civil prolongada", disse Kodmani. Está marcada para sexta-feira em Túnis, capital da Tunísia, uma reunião com representantes de mais de 50 países e organizações internacionais para tentar encontrar meios de encerrar o massacre na Síria. MSB/rtr/dpa/dw Revisão: Francis França

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