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China e Rússia fazem frente comum para proteger regime sírio

14:16 | 27/02/2012

DAMASCO, 27 Fev 2012 (AFP) -China e Rússia, aliados de Damasco, se uniram nesta segunda-feira, 27, diante das críticas dos ocidentais pela repressão aos protestos na Síria, onde a violência deixou mais de 150 mortos no fim de semana.

Em Homs (centro), a Cruz Vermelha e os diplomatas mantinham a esperança de poder evacuar nesta segunda-feira os feridos, incluindo dois jornalistas estrangeiros, depois de vários dias de negociações.

A retomada dos bombardeios na cidade matou quatro civis na manhã desta segunda-feira e outros dois morreram na província de Idleb (noroeste) na queda de um obus sobre seu veículo, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Dezenas de pessoas ficaram feridas após uma mobilização militar perto de Al-Qaryatein e em uma forte explosão na entrada de Rastan, duas localidades da província de Homs, segundo a mesma fonte.

Em Aleppo (norte), dezenas de milicianos pró-regime entraram na faculdade de odontologia para dispersar um protesto de centenas de estudantes, e em um bairro do oeste de Damasco as forças de segurança dispararam bombas de gás lacrimogêneo para dispersar milhares de pessoas que participavam dos funerais de três manifestantes mortos no domingo, acrescentou o OSDH.

Diante da repressão, que prossegue, a União Europeia adotou oficialmente um 12º pacote de sanções contra a Síria, dirigido essencialmente ao seu Banco Central, com a esperança de poder restringir as vias de financiamento do regime.


Crítica

A China classificou nesta segunda-feira de "inaceitáveis" as declarações da secretária americana de Estado, Hillary Clinton, que convocou mais pressão sobre Pequim e Moscou para que "modifiquem sua postura" sobre a Síria, após o veto no Conselho de Segurança da ONU de uma condenação à repressão.

"O mundo exterior não deve impor seu plano de solução da crise ao povo sírio", declarou o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hong Lei.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, atacou o "caráter unilateral" da conferência de "Amigos da Síria" na sexta-feira na Tunísia, boicotada por Moscou e Pequim.

Em um artigo publicado nesta segunda-feira em Moscou, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, denunciou a atitude "cínica" do Ocidente.

Os ocidentais "não têm paciência para elaborar uma aproximação equilibrada" em relação à Síria, insistiu Putin, e explicou que teria bastado "pedir à oposição armada que fizesse o mesmo que as forças governamentais, ou seja, que as unidades de combate fossem retiradas das cidades".

Durante o fim de semana, Hillary se mostrou muito reticente em se comprometer diretamente na Síria. Assegurou que uma intervenção militar envolveria o risco de guerra civil e entregar armas à oposição poderia significar ajudar a Al-Qaeda e o Hamas, que deram seu apoio à luta contra o presidente Bashar al-Assad.

Constituição

Pela primeira vez, as autoridades do Curdistão iraquiano anunciaram nesta segunda-feira ter acolhido 30 desertores sírios.

Tudo isso um dia após um referendo sobre uma nova Constituição, que instaura o pluralismo político após 50 anos de hegemonia do partido Baath, boicotado pela oposição e criticado pelos Ocidentais.

Segundo o ministro do Interior sírio, Mohammad Nidal al-Shaar, a nova Carta Magna foi aprovada com 89,4% dos votos, com uma participação de "57,4% do corpo eleitoral".

Nos dois últimos dias, mais de 150 pessoas morreram em todo o país, mais de uma centena delas de civis que perderam a vida em operações das forças armadas e 46 membros das forças de segurança em combates contra os desertores, segundo o OSDH.

"Pensam que, se matam todos, também matarão a revolução", declarou à AFP um militante de Abu Bakr, em Homs.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) entrou em Hama e distribuiu ajuda a 12 mil pessoas, declarou nesta segunda-feira à AFP um porta-voz da organização.

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