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Procura de casas assombradas aumenta em Hong Kong como forma de driblar a bolha imobiliária

18:58 | 12/01/2012
(AFP) - A bolha imobiliária fez emergir em Hong Kong um mercado de casas "visitadas" pelos fantasmas de seus antigos ocupantes, mortos em circunstâncias trágicas, e que são vendidas a preços muito mais baixos, porque poucos se interessam por elas.

Segundo crenças populares na cidade, o fantasma de uma pessoa que se suicidou ou foi assassinada continua vivendo no local que ocupava ainda em vida, causando a infelicidade dos novos moradores.

A lei obriga os corretores a fornecerem a potenciais compradores de uma "casa assombrada" (hongza, em cantonês) detalhes sobre o que aconteceu nela.

Mas alguns não temem os fantasmas, pelo que os investidores do setor imobiliário mantêm-se a par desse tipo de tragédia, com o objetivo de aproveitar o preço em baixa de um imóvel, principalmente se situado numa região considerada valorizada.

As casas "enfeitiçadas" costumam ser vendidas entre 20% e 40% mais barato que uma outra, na mesma zona e que não passou por uma situação parecida, explicou Eric Wong, agente imobiliário (squarefoot.com.hk). "As pessoas em Hong Kong são sensíveis aos fantasmas e à má sorte", acrescentou.

"Se aconteceu alguma coisa de ruim numa casa, muita gente não a quer (...) Mas Hong Kong tem um mercado habitacional estrito, pelo que, quando aparece um desconto significativo, há os que se dispõem a investir", afirmou.
Casos

Entre os casos macabros relatados na internet, está o de um jogador de futebol endividado, que decidiu acabar com a própria vida pulando de seu apartamento no 36º andar de um edifício.

Há ainda o da mulher divorciada encontrada um mês depois da morte, por intoxicação com fumaça e o da a empregada doméstica que matou a machadadas, mutilando a proprietária, num prédio exclusivo de apartamentos.

"Existe até um grupo de investidores que se especializaram nesse tipo de acontecimentos e passaram a alugar o imóvel a pessoas que não ligam para essas histórias", considerou Wong.

Em geral, trata-se de estrangeiros (ou gweilos, no idioma local), não preocupados com o que aconteceu no apartamento em que vão passar a viver.

"Os gweilos só querem pagar menos por um apartamento numa zona mais valorizada", disse a agente imobiliária Winnie Ng.

Abby Lau, de 26 anos de idade, que vive com a família e está economizando para se mudar, contou que muitos jovens estão à procura de casas "enfeitiçadas", por considerá-las uma opção realista de aluguel ou compra.

"Quatro ou cinco anos depois, as pessoas se esquecem do que ocorreu, aí o rendimento pode ser muito elevado", destacou.

Segundo Winnie Ng, os sete milhões de habitantes de Hong Kong vivem num espaço exíguo ou em prédios velhos, então não podem prescindir das casas "assombradas". "Alguém tem que viver nelas. Não há outra opção", afirma.

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