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Liga Árabe reúne-se para reavaliar missão na Síria

14:52 | 07/01/2012
Ministros árabes querem ajuda da ONU para avaliar se Bashar al-Assad está cumprindo promessa de suspender repressão violenta a manifestantes contrários ao regime. Liga aumentará número de observadores na Síria. Uma multidão acenando bandeiras sírias e imagens do presidente Bashar al-Assad reuniu-se neste sábado (07/01) na mesquita de Al-Hassan, em Damasco, para o funeral das 26 pessoas mortas em um incidente classificado pelas autoridades como ataque terrorista. A explosão aconteceu em uma das ruas mais movimentadas da cidade nesta sexta-feira, dois dias antes do encontro dos ministros árabes do Exterior que, neste domingo, discutirão no Cairo o futuro da missão de monitoramente na Síria. O canal estatal do país divulgou imagens do cortejo fúnebre, enquanto uma multidão entoava gritos como "o povo quer Bashar al-Assad" e "o povo sírio é apenas um". O oposicionista Conselho Nacional Sírio, porém, acusa o governo de estar por trás da explosão, na tentativa de mostrar que vem lutando contra terroristas apoiados por estrangeiros e não contra um movimento democrático popular. A oposição quer uma investigação independente sobre o incidente, que deixou outras 63 pessoas feridas. O governo prometeu "mão de ferro" em resposta ao segundo ataque em apenas duas semanas. No dia 23 de dezembro, 44 pessoas morreram em um outro episódio semelhante. Segundo ativistas, nesta mesma sexta-feira as tropas sírias abriram fogo contra manifestantes que faziam um protesto anti-Assad em duas partes do país. Uma pessoa teria morrido e outras 20 teriam ficado feridas. Missão árabe Desde o dia 26 de dezembro a missão árabe vem acompanhando o cumprimento da promessa do presidente sírio de suspender a repressão violenta sobre protestos contrários ao governo. Segundo estimativas da ONU, mais de cinco mil pessoas morreram nos últimos dez meses durante os embates entre manifestantes contrários ao regime e tropas leais a Assad. Os ministros vão discutir um pedido às Nações Unidas de ajuda na missão. O Qatar quer propor um convite aos técnicos da ONU e a especialistas em direitos humanos para ajudar monitores árabes. A Liga gostaria ainda que o grupo fosse composto por árabes. O primeiro-ministro do Qatar, Hamad bin Jassim al-Thani, que lidera a comissão, informou à rede de televisão Al Jazeera que os monitores não deveriam "perder tempo", pois a Síria não estaria implementando o acordo. Al-Assad está no poder há 12 anos. Ele assumiu logo após a morte de seu pai, que governou o país por 30 anos. Segundo integrantes da Liga Árabe, porém, não será discutida no encontro de domingo a eventual retirada dos 153 chamados "observadores pacíficos" na Síria. "Não estamos falando em sair de lá, mas sim em reforçar a missão", afirmou o secretário-geral da Liga, Adnan Issa, ressaltando que outros 10 observadores da Jordânia devem desembarcar na Síria neste domingo. Devem entrar ainda na pauta de domingo medidas que permitam à missão árabe operar com maior independência com relação às autoridades sírias. Mais violência Novos conflitos entre forças de segurança do governo e manifestantes anti-Assad voltaram a fazer vítimas neste sábado. Segundo o Observatório para os Direitos Humanos na Síria, quatro civis foram mortos em Homs e outras três pessoas feridas na sexta-feira vieram a falecer. Os Estados Unidos condenaram os ataques. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, reiterou o pedido para que violência no país acabe. Já o Irã, aliado de Assad, condenou o "ataque terrorista". O chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby também condenou a "explosão terrorista" em Damasco e apresentou "grande preocupação com a escalação da violência no país". Em novembro passado os 22 membros da Liga suspenderam a Síria após meses de silêncio sobre a repressão violenta aos protestos no país. Mas, segundo diplomatas, alguns líderes ainda estariam desconfortáveis em criticar um de seus pares, podendo despertar a inquietação de sua própria população. MSB/rtr/ap/dpa/afp

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