Morte em desocupação no Carlito Pamplona completa um mês; um homem foi preso

Suspeito estava em posse ilegal de uma das armas de fogo apreendidas durante as investigações policiais. Ainda não há a confirmação da ligação direta dele no crime contra a vítima. Família e amigos realizam homenagem, nesta quinta-feira, 10, em memória da vítima e para cobrar respostas do crime

A morte da vendedora Mayane dos Reis, 28, vítima de disparo de arma de fogo durante a desocupação de terreno no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, completou um mês nesta quinta-feira, 10. O caso está sendo investigado pela 4ª Delegacia do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Um homem foi preso durante as investigações policiais.

Uma homenagem à vítima será realizada, a partir das 19 horas, desta quinta-feira, em frente à residência onde a mãe da vítima morava e próximo ao local onde o crime aconteceu. Além de homenagear a vendedora, família e amigos buscam com o ato cobrar das autoridades respostas do crime e a identificação dos responsáveis pela desocupação do terreno, que resultou na morte da vendedora.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Cerca de 600 famílias foram retiradas por homens encapuzados e armados no último dia 10 de setembro. A ocupação “Deus é Amor” tinha pelo menos mil famílias cadastradas no espaço. O episódio aconteceu após seguranças contratados pela Fiotex Industrial, proprietária do terreno, terem iniciado a desocupação ainda durante a madrugada daquele dia. Na época, os moradores da ocupação relataram terem sido expulsos “com violência” do local.

Conforme a irmã da vítima, a vendedora Maiara dos Reis, 31, após um mês sem respostas do caso, o sentimento é de tristeza, revolta e saudade. “Até agora, a gente não acredita que isso aconteceu. Ficou um sentimento muito grande de tristeza. Não tivemos nenhuma resposta e não queremos que a vida dela fique impune. Tem que ver quem foi que fez isso”, diz.

A vítima morava próximo ao terreno e, no dia da desocupação, seguia para o local ocupado no intuito de buscar o marido, que estava em uma das barracas no terreno da ocupação. No local, Mayane foi baleada no peito e socorrida por moradores da comunidade para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu. Ela deixou uma filha de 4 anos de idade.

De acordo com Maiara, após a morte da irmã, a mãe delas não retornou para casa onde morava porque o espaço traz lembranças da filha. “Minha mãe não quis mais ficar lá porque, para ela, não fazia mais sentido. Lembra muito dela [Mayane], é muita tristeza. Foi um mês de mudanças e de muitas tristezas. Agora, ela está mais próxima a mim”, comenta.

A irmã da vítima detalhou que, após o crime, toda a família foi ouvida pelas investigações policiais, mas que, após isso, não tiveram mais retorno sobre o caso. Ao longo do mês, um bombeiro e um empresário do ramo de empresa de segurança foram apontados como possíveis envolvidos no conflito, e que estão entre as pessoas identificadas e ouvidas nas investigações.

No dia 14 de setembro, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) informou que a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) realizou o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão em endereços de suspeitos investigados pela desocupação do terreno. Além do envolvimento na desocupação do terreno, os alvos dos mandados são investigados por “outras ocorrências” registradas no Carlito Pamplona.

O POVO procurou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) nesta quinta-feira, 10, por e-mail para saber como estão as investigações sobre o caso e se algum suspeito do crime foi identificado e preso. Em nota, a pasta informou que, durante os trabalhos policiais, um homem foi preso com uma das armas de fogo apreendidas durante as investigações.

Ainda segundo a SSPDS, ele foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. A pasta não explicou se o homem está diretamente ligado ao crime de homicídio contra Mayane. O caso está a cargo da 4º Delegacia do DHPP, unidade especializada que segue realizando oitivas e diligências no sentido de esclarecer os fatos e identificar a autoria da ação criminosa.

Família e amigos prestam homenagem à vítima e pedem respostas do crime

Uma homenagem realizada pela família e amigos da vítima será realizada nesta quinta-feira, 10, a partir das 19 horas, na rua Santa Rosa, no bairro Pirambu, em Fortaleza. A concentração do público será realizada em frente a residência da mãe da vítima, próximo ao terreno desocupado.

“Hoje completa um mês que minha irmã partiu para junto do Pai. Estamos preparando uma homenagem como forma de lembrar às autoridades que é necessária justiça para os responsáveis por esse ato doloroso”, destaca Maiara em comunicado sobre o ato à comunidade do entorno.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar