Internos do Instituto Psiquiátrico visitam Castelão em projeto de ressocialização
Grupo selecionado já possui liberdade concedida pelo Poder Judiciário, entretanto segue sob a tutela do Estado, devido à incapacidade de autonomia e recusa dos familiares
Oito internos do Instituto Psiquiátrico Governador Stênio Gomes participaram de uma experiência diferente na manhã desta quinta-feira, 2. Por meio do projeto “Ressocializando com Lazer”, o grupo pôde conhecer as dependências da Arena Castelão.
A visita contou com a presença de 11 policiais penais, além de uma equipe formada por terapeuta, psicóloga, educador físico e uma enfermeira. Fátima Barroso, diretora do instituto, destaca que os oito escolhidos são considerados "desinternados", apesar de seguirem no instituto.
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"Hoje, eles são considerados acolhidos, já não são internos do sistema penitenciário, pois já cumpriram a pena e não devem mais nada à Justiça". No total, o Instituto Psiquiátrico conta com 16 acolhidos, que seguem sob a tutela do Estado por causa da incapacidade de autonomia e recusa dos familiares, avalia Barroso.
A visita à Arena Castelão durou cerca de 40 minutos e despertou a curiosidade dos homens que visitaram o local pela primeira vez. O tour pelo estádio teve início no centro cultural, onde diversas camisas de clubes e registros históricos do maior palco do futebol cearense estão expostos.
O ponto alto da visita foi deixado para o final. Por meio do corredor de acesso ao campo, o mesmo utilizado pelos jogadores durante as partidas disputadas no estádio, o grupo teve acesso aos arredores do gramado, que segue passando por um trabalho de restauração. O encanto diante da estrutura imponente era perceptível no olhar dos visitantes.
Desmame do cárcere
"Eles passaram muito tempo reclusos. O projeto tem como fruto positivo o desmame de cárcere. Há, entre eles, uma insegurança de como serão aceitos pela sociedade, e esse projeto veio para amenizar esse momento de saída", avalia a diretora do instituto.
Diante do cenário adverso, onde as famílias se negam a receber os acolhidos, Barroso explica que a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado do Ceará (SAP-CE) trabalha para que os 16 homens sejam acolhidos por residências terapêuticas. Enquanto não consegue uma solução definitiva, a diretora garante que o projeto de ressocialização irá continuar.
"Temos um calendário planejado, a nossa próxima visita será ao Museu da Imagem e do Som, depois planejamos ir a alguma praia, assim como uma possível ida ao Cine São Luiz", projeta Barroso.
Embora "desinternados", os selecionados para o passeio passam por uma avaliação prévia, que cumpre o papel de uma triagem para saber se o paciente acolhido reúne boas condições no dia do passeio. "São pessoas com doenças mentais. Hoje, por exemplo, dez haviam sido selecionadas, mas duas não estavam bem para estarem aqui".
Para o policial penal Ivan Gonçalves, a ressocialização dos internos é parte fundamental do processo. "É uma vivência única. O projeto traz o primeiro contato com o mundo externo depois de muitos anos. Hoje, a Secretaria possui uma visão mais voltada à ressocialização do que o encarceramento".