Enfermeiros paralisam atividades em dois pontos de vacinação contra Covid em Fortaleza

Com exceção do Centro de Eventos e do Sesi Parangaba, vacinação continua nos demais pontos de vacinação, de acordo com a Prefeitura. Manifestantes dizem que os salários da categoria caíram quase 50%. A hora trabalhada teria passado de R$ 22,50 para R$ 12,85 nos dias da semana

Desde terça-feira, 3, os enfermeiros credenciados para trabalhar na vacinação contra a Covid-19, em Fortaleza, paralisaram parte dos serviços para reivindicar melhores salários. A categoria ainda cobra da Prefeitura de Fortaleza diminuição no prazo de pagamento, que hoje é de 60 dias, além de vale alimentação e vale transporte. Com isso, o serviço de imunização não está sendo ofertado no Centro de Eventos e no Sesi Parangaba

“Chegamos ao ponto em que precisamos pedir dinheiro emprestado para podermos ir trabalhar e nos alimentar. A sensação que dá é que quanto mais a gente trabalha e se esforça, menos dinheiro e reconhecimento temos”, disse uma enfermeira, a qual preferiu não se identificar.

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De acordo com a profissional entrevistada pelo O POVO, o baixo salário seria a principal reivindicação. A mulher relata que os valores recebidos antes do Edital 122/2021 eram conivente com a jornada de trabalho dos profissionais, que atendiam de domingo a domingo. Em determinado momento, a Prefeitura resolveu mudar o formato dos contratos para diminuir custos.

“Quiseram baixar nosso salário, e não aceitamos e decidimos parar como forma de reivindicar, então voltaram atrás e deixaram como estava. Como não aceitamos a redução do valor, eles fizeram um credenciamento, pois, na época, trabalhávamos com o chamado Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), uma prestação de serviço, sem contrato nenhum. Então, nessa seleção (credenciamento), eles disseram que o RPA ia acabar, e nós teríamos um contrato junto com a prefeitura nessa seleção, caso passássemos”, disse.

Segundo a enfermeira, os salários caíram quase 50%. A hora trabalhada passou de R$ 22,50 para R$ 12,85 nos dias da semana e de R$ 37,50 para R$ 19,27 no fim de semana, conforme ela. Além disso, ela critica os “descontos exorbitantes” nos salários, que seriam de até 20% do valor.

“E se já não bastasse essa redução enorme, no edital ainda constava que o nosso salário só seria pago com até 60 dias da abertura do nosso processo de pagamento. Mas isso não está acontecendo, estamos recebendo com mais de 60 dias, o que é um absurdo.”

De acordo com a fonte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) teria informado aos profissionais que não poderiam mudar o valor dos salários. "Sobre o vale alimentação e vale transporte, disseram que faltava ser aprovado na Câmara, mas já fomos atrás e soubemos que já foi aprovado e faltava apenas uma aprovação do prefeito de Fortaleza”, contou a enfermeira.

A mulher também alerga que a Prefeitura teria repassado sos representantes da paralisação que os atrasos ocorrem pela falta de pessoas trabalhando nos processos de pagamento, mas, até sexta-feira, 6, deveriam contratar mais desz funcionários. “Sempre que ligamos, eles nunca sabem nos responder ou dar uma resposta concreta. E foi o que aconteceu hoje quando ligamos, a resposta foi de que não tem prazo para que o pagamento ocorra, pois são muitos processos a serem analisados. A resposta sempre é essa, nunca sabem quando vão nos pagar."

A SMS respondeu que segue o calendário de pagamento descrito no Edital 122/2021, em relação aos profissionais que participaram do credenciamento para atuar na vacinação contra a Covid-19. Segundo o documento, a Prefeitura tem o prazo de até 60 dias para realizar o pagamento, contado da data de abertura do processo de remuneração, "que é de inteira responsabilidade do profissional, de acordo o Manual do Credenciado que cita as informações referentes aos prazos e documentos necessários para abertura dos processos”.

Vacinação contra Covid-19 em Fortaleza continua nos demais pontos

O POVO esteve durante a manhã desta quinta-feira, 5, no Centro de Eventos, e viu algumas pessoas chegarem ao local sem saber sobre a não aplicação de imunizantes contra a Covid-19. Ao O POVO, os profissionais credenciados informaram que a paralisação, a princípio, deveria durar até domingo, 8.

Segundo a SMS, o fluxo de vacinação, que neste momento tem atendimento por demanda espontânea, continua nas seis Regionais de Saúde (veja abaixo) e nos shopping RioMar Kennedy, RioMar Fortaleza (Papicu) e Iguatemi. 

- Regional de Saúde I
Airton Monte (Rua Alberto Oliveira, s/n - Jardim Iracema)
Casemiro Filho (Av. Francisco Sá, 6449 - Barra do Ceará)
Lineu Jucá (Rua Vila Velha, 101 - Barra do Ceará)
Rebouças Macambira (Rua Creuza Rocha, s/n - Jardim Guanabara)
Virgílio Távora (Av. Mons. Hélio Campos, s/n - Cristo Redentor)

- Regional de Saúde II
Irmã Hercília Aragão (Rua Frei Vidal, 1821 – São João do Tauape)
Rigoberto Romero (Rua Alameda das Graviolas, 195 - Cidade 2000)

- Regional de Saúde III
César Cals de Oliveira Filho (Rua Pernambuco, 1674 - Demócrito Rocha)
Eliezer Studart (Rua Tomaz Cavalcante, 545 - Autran Nunes)
Francisco Pereira De Almeida (Rua Paraguai, 351 - Bela Vista)
George Benevides (Rua Pio Saraiva, 168 - Quintinho Cunha)
Luís Recamonde Capelo (Rua Maria Quintela, 935 – Bonsucesso)

- Regional de Saúde IV
Oliveira Pombo (Rua Rio Grande do Sul, s/n - Couto Fernandes)
Antônio Ciríaco de Holanda (Rua Gomes Brasil, 555 – Parangaba)
Francisco Monteiro (Av. Dos Eucaliptos, s/n. Dendê)

- Regional de Saúde V
Argeu Herbster (Rua Geraldo Barbosa, 1095 - Bom Jardim)
João Elisio Holanda (Rua Juvêncio Sales, s/n - Acarapé)
João Pessoa (Rua Rubi, s/n – Jardim Jatobá)
Jurandir Picanço (Rua Duas Nações, s/n - Granja Portugal)
Maciel de Brito (Av. A, s/n - 1a etapa- Conjunto Ceará)
Pedro Celestino (Rua Gastão Justo, 215 - Maraponga)
Régis Jucá (Av I, 618 – Mondubim)
Siqueira (Rua. Eng. Luís Montenegro, 485 – Siqueira)
Viviane Benevides (Rua João Areas, 1296 - Manoel Sátiro)

- Regional de Saúde VI
Alarico Leite (Av. dos Paroaras 301 – Passaré)
Acrísio Eufrasino de Pinho (Cruzamento das ruas 12 e Palmeiras dos Índios – Pedras)
César Cals de Oliveira (Rua Capitão Aragão, 555 - Alto da Balança)
Edmar Fujita (Av. Alberto Craveiro, 1480 - Boa Vista)
Jangurussu (Rua Estrada do Itaperi, 146 - Passaré)
Marcos Aurélio (Rua Iracema, 1100 - Santa Filomena)
Messejana (Rua Guilherme Alencar s/n - Messejana)
Osmar Viana (Av. Chiquinha Gonzaga, s/n - Jangurussu)

 

 

Falta de apoio dos sindicatos da classe

A paralisação não conta com o apoio do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Ceará (Senece), nem do Sindicato dos Empregados de Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Ceará (Sindsaúde). Isso porque os profissionais de saúde não são sindicalizados. Houve a tentativa de contato com o Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE), mas sem retorno, conforme os manifestantes.

“Mas realmente é meio impossível a gente, com mais de 60 dias de atraso do nosso salário, ganhando praticamente um salário mínimo, conseguirmos nos sindicalizar, já que com o que ganhamos não conseguimos dar conta de quase nada. Entramos em contato com pessoas que trabalham dentro desses locais, e a resposta foi a mesma, que não podiam nos ajudar, pois não somos sindicalizados”, disse uma das enfermeiras credenciadas.

 

 

 

 

O Centro de Eventos, principal ponto de vacinação da Capital deve ficar fechado até próximo domingo, segundo funcionários do local, eles foram informados que o atendimento retornaria na segunda, 9
O Centro de Eventos, principal ponto de vacinação da Capital deve ficar fechado até próximo domingo, segundo funcionários do local, eles foram informados que o atendimento retornaria na segunda, 9 (Foto: Danrley Pascoal)

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