PM faz abordagem violenta durante fiscalização de decreto em Fortaleza: "Parecia uma guerra"

Após o episódio de truculência policial, uma vítima conduzida à delegacia ainda foi orientada a ir ao IML, em um carro descaracterizado, com um dos agentes que havia sido violento durante a ação

Policiais militares agiram com truculência ao fazer uma fiscalização do decreto de isolamento social na noite do último sábado, 22, por volta das 23 horas, conforme narra um homem que estava no local. Em ação no bairro Benfica, em Fortaleza, os agentes chegaram atirando e jogando gás contra as pessoas que comemoravam uma festa de aniversário em uma residência, segundo o relato. A polícia, porém, defende que foi recebida de forma agressiva e reagiu.

Em entrevista, o homem disse que após essa aproximação violenta inicial, tentou dialogar com os agentes, para saber o que estava acontecendo. Inicialmente, os policiais começaram a conversar com o ele e a situação estava ficando mais tranquila. No entanto, duas novas viaturas da polícia chegaram ao local, elevando o nível de truculência novamente. “Parecia uma guerra. Todo mundo entrou na casa correndo, em pânico”, disse o homem, que terá sua identidade preservada.

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“Um policial veio me bater, me empurrou no chão. Quando eu já estava imobilizado, eles ainda me encheram de gás e um deles me deu uma joelhada”, relata, contando que foi levado para a delegacia em seguida. “Colocaram uma algema muito apertada e até agora não consigo sentir meus polegares. Ao chegar, ainda fui arrastado da viatura até a delegacia”, continua.

De origem estrangeira e de cor preta, ele narra que os policiais começaram a intimidá-lo, fazendo perguntas sobre a sua situação legal no País, além de comentários xenofóbicos e racistas. Por sua vez, de acordo com o homem, a delegada que o atendeu reconheceu que foram cometidos vários excessos durante a operação e chamou um superior hierárquico para acompanhar o caso.

Em seguida, ele foi orientado a ir ao Instituto Médico Legal (IML), em um veículo descaracterizado, para fazer exames com um dos policiais que havia sido truculento durante a ação, mas se recusou. “Não me senti seguro, não sei o que poderia acontecer”, disse. Então, outros dois policiais civis que estavam no local o acompanharam. Ele foi liberado para voltar para casa após a realização dos exames.

“Foi uma situação extremamente desnecessária, com uma atitude muito truculenta. A polícia precisa conversar, resolver as coisas com diálogo. Imagina se a gente tivesse ido pra cima deles, iam nos matar. No meu país de origem e em oitos anos no Brasil nunca vivi nada parecido”, enfatiza.

Grupo lançou garrafas de vidro contra os agentes, diz polícia

Em nota, a Polícia Militar disse que ao chegar no local encontrou uma "enorme quantidade" de pessoas aglomeradas, sem fazer o uso da máscara. De acordo com o órgão, os agentes tentaram dialogar com os presentes para dispersá-lo, mas não conseguiram. "Estes reagiram de forma agressiva, desacatando os agentes de segurança pública e, ainda, lançando garrafas de vidro contra a composição", diz a nota.

A polícia disse que conduziu à delegacia dois homens, identificados como responsáveis pela incitação contra os agentes. Foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), com base no artigo 268 do Código Penal Brasileiro: infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.

Leia a nota na íntegra:

A Polícia Militar do Ceará (PMCE) informa que na noite do último sábado, 22, foi acionada via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS) para uma ocorrência de aglomeração de pessoas na Rua Senador Catunda, no bairro Benfica, em Fortaleza.

Quando chegaram ao local informado, os policiais militares constataram que havia uma enorme quantidade de pessoas, as quais estavam sem fazer, sequer, o uso de equipamentos de proteção individual, como a máscara.

No momento em que verbalizaram a fim de dispersar os presentes, estes reagiram de forma agressiva, desacatando os agentes de segurança pública e, ainda, lançando garrafas de vidro contra a composição.

Com a chegada do reforço policial, os militares obtiveram êxito na dispersão da aglomeração e na condução de dois homens, identificados como responsáveis pela incitação contra a ação da PMCE, à Delegacia de Polícia Civil plantonista da área. Contra ambos houve a lavratura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência com base no Artigo 268 do Código Penal Brasileiro: Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa

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