"A sociedade perde uma pessoa comprometida e que deu a vida pela população", diz amigo de PM morto no Centro de Fortaleza

Por trás da farda azul da Polícia Militar do Ceará era chamado de "Carlim", pelos mais próximos. Era pai de uma criança de sete anos de idade, casado e cursava Farmácia

"Quem perde é a sociedade, a sociedade perde uma pessoa comprometida e que deu a vida pela população", este é o comentário de amigo do militar Carlos Eduardo Pinheiro Gurgel. O agente de segurança foi morto no dia 3 de fevereiro ao intervir em um assalto no Centro de Fortaleza. O policial estava fardado e trabalhando quando se deparou com criminosos em fuga após assalto a uma loja de móveis. Ele tentou intervir, mas foi atacado a tiros.

Por trás da farda azul da Polícia Militar do Ceará, existia o "Carlim", como o policial era chamado pelos mais próximos. Era pai de uma criança de sete anos de idade, casado e cursava Farmácia. As imagens chocaram as pessoas próximas, quem passava pelo local ou quem, por meio das redes sociais, viu os vídeos das câmeras de segurança da avenida Duque de Caxias. O policial fardado corre em direção aos criminosos e é atingido, tenta se proteger, mas cai. Outras imagens mostram o cabo sendo socorrido em automóvel particular que passava pelo local. A população tentava ajudar, o militar que acompanhava o serviço com Carlos parecia não acreditar no que estava acontecendo. Minutos depois veio a confirmação da morte dele.

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A história de Carlos é parecida com a de milhares de policiais, que dividem seu tempo entre a família, o trabalho, os estudos e buscam, por muitas vezes, tirar um serviço extra ou trocar com algum colega. É uma forma de fugir dos trabalhos de segurança privada, que são ilegais na corporação. Naquele dia, Carlim, estaria de folga, mas tirou o serviço de um outro policial, como muitos agentes de segurança fazem para garantir um dinheiro a mais no fim do mês, mas se deparou com criminosos em fuga após um assalto e foi morto.

Amigo do cabo e também policial militar, de nome preservado, explicou que ele foi policial militar da Cavalaria, mas foi transferido no mesmo período que fez uma cirurgia no joelho. Ele estava, atualmente, na 1ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar, área que cobre o Centro de Fortaleza. "Ele era tranquilo, brincalhão e tirava muito serviço. Ele mesmo se intitulava como Carlim. Foi transferido (da Cavalaria) quando estava de licença por uma operação de joelho", comenta o colega policial.

Outro colega, que trabalhou em 2009 com o militar na antiga Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRV), que hoje é o Batalhão de Polícia Rodoviária do Ceará, foi o advogado Oswaldo Cardoso, que na época era militar estadual junto de Carlos. "Uma pessoa tranquila e comprometida com o trabalho. Honra a farda da Polícia Militar. Um fato muito triste, cenas que a gente não gosta nem de pensar. Um amigo, uma pessoa do bem e dedicada a profissão, quem perde é a sociedade, a sociedade perde uma pessoa comprometida e que realmente deu a vida pela população. Vão ficar os momentos bons e a saudade. É uma tristeza, mas que Deus conforte a família", lamenta.

Suspeitos de participação no crime foram presos após o caso.

Segunda morte de PM em uma semana

 

Cabo Marcos Viana foi morto em janeiro
Cabo Marcos Viana foi morto em janeiro (Foto: via WhatsApp O POVO )

A morte do cabo Carlos aconteceu cinco dias após a morte cabo PM Cicero Marcos Viana dos Santos, que era lotado no 1º Comando de Policiamento de Choque (CPChoque). O crime aconteceu na noite do dia 29 de janeiro, em Cascavel. O policial estava de folga em um veículo na localidade de Guanacés, quando foi surpreendido por criminosos que efetuaram tiros contra ele. O cabo Marcos Viana revidou e atingiu um dos criminosos, mas também foi atingido e não resistiu aos ferimentos. Após o caso, suspeitos foram presos pelo crime.

Amigos do cabo Marco o descreveram, nas redes sociais, como um homem que entrou jovem na Polícia Militar e que possuía uma história de superação, pois veio de uma família humilde do meio rural e que trabalhou como cortador de cana.

Antes de ser policial ele trabalhou em uma empresa terceirizada que fornecia comida a detentos e, posteriormente, ingressou na PMCE, onde atuou no Batalhão de Choque, mais especificamente no Cotam. O policial deixou esposa, três filhos e centenas de amigos, que o caracterizam como um jovem sonhador e excelente profissional.

Em menos de 48 horas da morte do militar do choque um outro policial havia sido baleado no Centro de Fortaleza, na rua Gonçalves Ledo. Desta vez, um assalto onde o militar de folga interviu em um assalto. Na ocasião testemunhas relataram terem ouvido dezenas de disparos. Na semana desta ação, muitos militares comentavam em redes sociais uma sequência de ações de criminosos que visava roubar armas de agentes de segurança.  Os casos aconteceram nos bairros Siqueira, Vila Pery e Antônio Bezerra. 

 

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