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Após debates acalorados, funcionamento do Parque do Cocó muda a partir de novembro; entenda a mudança

As novas medidas vêm sendo discutidas deste o inicio deste ano, quando o Plano de Manejo começou a ser elaborado por especialistas
17:27 | Out. 14, 2020
Autor Gabriela Almeida
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Gabriela Almeida Repórter O POVO
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Tipo Notícia

O Parque Estadual do Cocó deve passar por mudanças em seu funcionamento a partir do dia 1° de novembro, ganhando novas regras de uso por meio da aplicação do Plano de Manejo. O conselho gestor da unidade de conservação realizou a penúltima reunião acerca do assunto nesta quarta-feira, 14, e debateu temas polêmicos, como a proibição de animais domésticos nas trilhas do parque.

As novas medidas vêm sendo discutidas deste o inicio deste ano, quando o Plano de Manejo começou a ser elaborado por especialistas - como biólogos e geógrafos. Segundo Paulo Lira, gestor do equipamento, o documento é uma espécie de "constituição" do parque, que estabelece ações para garantir a preservação da fauna e da flora local.

Na reunião desta quarta, houve a deliberação das medidas com o conselho gestor e algumas foram aceitas quase que por unanimidade. No entanto, Paulo afirma que três novas regras promoveram debates acalorados, sendo elas: o fechamento das trilhas às segundas-feiras, a desativação dos campos de futebol que existem na área interna e a proibição de animais domésticos no interior do parque.

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Apesar dos posicionamentos contrários de alguns integrantes do conselho, Lira afirma que todas as regras visam a proteção ambiental do equipamento. O gestor ainda informa que, no final deste mês, deve ocorrer a última reunião do conselho acerca do assunto e garante que isso dará permissão para que todas as medidas sejam oficializadas e aplicadas.

Saiba quais são as mudanças:

1: Fechamento das trilhas às segundas-feiras: De acordo com Paulo, a medida foi aprovada por quase unanimidade. O biólogo e coordenador do meio biótico do Plano de Manejo da área, Hugo Fernandes, explica que a decisão garante que a fauna e a flora do espaço "descansem", principalmente após intensas movimentações de visitantes.

2: Proibição de animais domésticos nas trilhas: A nova regra gerou polêmica e promoveu debates acalorados, segundo Lira. Os gatos que habitavam as trilhas já estavam sendo remanejados para área externa do equipamento e, com a finalização do plano, todos os demais bichos domesticados serão proibidos de circularem nas trilhas. Conforme Hugo, a medida pretende garantir a segurança de animais silvestres e domésticos, evitando a transmissão de doença entre as espécimes.

3: Desativação dos campos de futebol que existem na área interna do parque: Em 2019, um dos campos que existem no equipamento já havia sido interditado. Com a aplicação do Plano de Manejo, os dois serão desativados e passam por um processo de "plantio de recuperação". Apesar de não ter sido aceita por unanimidade, a decisão segue a lei federal que ampara as unidades de conservação do Brasil, proibindo equipamentos de lazer dentro de áreas como essa.

4: Proibição de atividades de ciclismo nas trilhas no domingo pela manhã: O usuário que pretende andar de bicicleta aos domingos nas trilhas do parque só poderá fazer isso após às 13 horas. De acordo com Hugo, a medida pretende garantir a segurança de animais que compõe a fauna local e correm o risco de serem atropelados.

Medidas sofrem pressão popular

Algumas medidas, como a desativação dos campos de futebol, não agradaram todos os integrantes do conselho e geraram insatisfação popular. No entanto, a regra que mais provocou polêmica foi a proibição de animais domésticos nas trilhas, ato que virou rotina, principalmente, para donos de cães que costumam frequentar o equipamento.

Um deles é o professor universitário Michel krueger, tutor da Penélope Charmosa, cachorra de 11 anos. O docente esteve presente na reunião desta quarta e afirmou que, entre os votantes do conselho, apenas três se posicionaram contra a determinação.

"Nós perdemos a primeira batalha, mas vamos nos organizar", garantiu Michel. O professor, que participa do movimento Cachorro nas Trilhas do Cocó, ainda informou que os tutores de cães contrários a decisão vão buscar por órgãos como o Ministério Público do Ceará (MPCE) e a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Ceará (OAB-CE) para reverter medida.

O titular da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Artur Bruno, havia informado ao O POVO que a proibição segue o decreto federal Nº 6.514. De acordo com a norma, introduzir ou abandonar animais domésticos em áreas silvestres pode trazer problemas para a fauna e por isso deve resultar em punições, como multas e detenções. 

Segundo Plano de Manejo, toda região externa de uso intensivo do parque será livre para a circulação dos bichos domesticados, como arenas e áreas com gramado. Um dos responsáveis pelo planejamento, o biólogo Hugo Fernandes ainda destaca que o contato entre os bichos domésticos e silvestres pode comprometer a integridade física e a saúde de ambos, por meio da predação e da transmissão de doenças.

Nesse sentido, as medidas seguem como meio de evitar impactos na fauna local e também consequências aos animais domésticos. Apesar da pressão popular, a regra será oficializada e passará a valer em novembro, como todas as outras. 

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