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Rapaz que tentava provar inocência após ser preso em operação da PF é liberado pela Justiça

"O que mais me chocou foi eu estar lá dentro como cidadão me vendo trancado dentro de um ovo. Um cheiro desagradável, eu tinha que tomar banho e fazer necessidade na frente das pessoas. Passei cinco dias sem comer direito, sem fazer as necessidades direito, pois eu tinha vergonha", descreve Clisma.

O cearense Clisma Rodrigues dos Santos, de 29 anos, permaneceu 30 dias detido no Centro de Triagem após o cumprimento de um dos mandados de prisão relacionados a operação Caixa Forte II, da Polícia Federal. Durante um mês, a família tentou, de todas as formas, provar a inocência dele. Nesta quarta-feira, 30, o vendedor foi colocado em liberdade provisória por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

A operação Caixa Forte II investigava o tabelamento para o pagamento de mesadas do Primeiro Comando da Capital (PCC). A PF atuou em 17 estados e cumpriu 422 mandados de prisão, entre eles o de Clisma. A família dele relatou que a irmã do vendedor de calçados teve um relacionamento com um homem que seria o verdadeiro alvo da operação. Desta união nasceu uma criança. O vendedor emprestou a conta bancária para que a pensão de alimentos fosse transferida para a irmã e, por isso, teria sido envolvido na operação. Os parentes e amigos criaram com uma campanha com a hashtag #Klismannãoébandido, houve arrecadação de dinheiro para o pagamento do advogado e ainda uma ampla divulgação de relatos de pessoas que o conheciam e afirmavam a inocência dele.

A liberdade de Clisma foi resultado de ume habeas corpus do Tribunal. Atualmente, o caso ainda é um inquérito policial em tramitação. Após o fim da investigação, o delegado responsável pela operação vai decidir sobre indiciar ou não o Clisma.

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Entrevistado pelo O POVO, o vendedor disse que considerou uma benção o dia de hoje. "Foi uma vitória a Justiça ter visto meu caso com bons olhos e provar que eu fui vítima disso tudo", relata.

Clisma comenta que foram 30 dias dividindo a cela com 27 presos e que viveu momentos que nunca imaginou passar. "O que mais me chocou foi eu estar lá dentro como cidadão me vendo trancado dentro de um ovo. Um cheiro desagradável, eu tinha que tomar banho e fazer necessidade na frente das pessoas. Passei cinco dias sem comer direito, sem fazer as necessidades direito, pois eu tinha vergonha", descreve o rapaz. 

Ele relata que pensava muito na família e que teve um momento que parou de refletir, pois temia ficar com depressão. "Saio mais forte, honesto, mais humano. Eu aprendi muito também", finaliza.

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Operação Caixa Forte 

A Polícia Federal (PF) deflagrou 13 mandados de busca e apreensão e 22 de prisão contra facção criminosa por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em Fortaleza. Ação coordenada pela PF teve apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO). A primeira fase da Operação Caixa Forte foi realizada em todo território nacional, por onde se estende a atuação do grupo criminoso.

Ao todo, foram cumpridos 422 mandados de prisão preventiva e 201 mandados de busca e apreensão, em 19 estados brasileiros e no Distrito Federal. Conforme a PRF, 210 integrantes do alto escalão da facção foram identificados. Recolhidos em presídios federais, eles recebiam valores mensais por terem ocupado cargos de relevância na organização. Criminosos que faziam missões determinadas pela chefia da facção, como execuções de servidores públicos, também foram identificados.

Aproximadamente 1.100 policiais federais cumpriram 623 ordens judiciais expedidos pela 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte/MG. A Justiça também bloqueou R$ 252 milhões. Em Fortaleza, 60 policiais federais participaram da operação com apoio de oito policiais militares.

Nesta primeira fase da investigação, foram identificados os responsáveis pelo "Setor do Progresso" da facção, como é chamado o segmento que se dedica à lavagem de dinheiro do tráfico. As investigações "revelaram que os valores auferidos com o comércio ilícito de drogas eram, em parte, canalizados para inúmeras outras contas bancárias da facção, inclusive para as contas do "Setor da Ajuda", aquele responsável por recompensar membros da facção recolhidos em presídios", diz a PF em nota.

Os integrantes do grupo criminoso indicavam contas de pessoas que não pertenciam à facção para que o dinheiro vindo do crime fosse depositado. Dessa forma, os valores supostamente ficavam ocultos e fora do alcance do sistema de justiça criminal. Na operação, a PF desarticula o grupo por meio da descapitalização- quando o dinheiro é bloqueado. A abordagem patrimonial e a prisão de lideranças estão entre as diretrizes da PF para lidar com organizações criminosas.

 

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