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Internada no IJF, esposa de tenente da reserva diz que marido já havia tentado matá-la asfixiada

Em entrevista, a mulher descreve o esposo, apontado como mandante da morte, como um homem "obsessivo e doente de ciúme". Ela diz que perdoou a primeira tentativa, pois o homem prometeu que ia mudar
21:25 | Jul. 31, 2020
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia

Uma mulher de 31 anos, que pede para não ter o nome divulgado, está no Instituto Doutor José Frota (IJF), Centro de Fortaleza, aguardando a retirada da bala que está alojada no pescoço. Há quatro dias, ela foi vítima de um atentado do próprio marido em Baturité, no interior do Ceará. A vítima levou três tiros que atingiram a cabeça e o pescoço. No hospital e acompanhada do esposo, um tenente da reserva da Polícia Militar (PM), ela viu policiais civis cumprindo o mandado de prisão do companheiro como o mandante de sua morte.

Em entrevista ao O POVO, a mulher relatou que estava no hospital quando se deparou com o delegado que cumpriu o mandado de prisão na unidade de saúde. Ela diz que foi surpreendida, pois o esposo estava como acompanhante e dormia no hospital. O casal não estava brigado. "Depois que ele foi preso é que minha ficha foi cair". A vítima explica que conhecia o executor do crime de vista e afirmou ao esposo a identificação, mas ele aparentava não ter interesse em resolver a situação procurando as autoridades.

A dona de casa relata que o tenente tentou matá-la asfixiada, anteriormente. Ela denunciou o caso, mas o perdoou. "Passou uns meses e voltei pois ele ficou dizendo que ia mudar, não ia mais fazer isso e voltei. A gente casou", comenta. O caso foi registrado em Boletim de Ocorrência (B.O) no mês de novembro de 2018.

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A vítima o descreve como um homem "obsessivo" e "ciumento". "Eu não trabalhava, dependia de tudo dele. Ele não me deixava trabalhar. Eu ia com ele receber o dinheiro, sempre era nós dois. Ele era doente de ciúme. A primeira vez, ele tentou me matar asfixiada colocando um pano na minha boca. Eu estava dormindo. Ainda tinha uma corda no pescoço, quando terminasse de matar ele ia dizer que eu tinha feito suicídio", descreve.

A mulher descreve a frieza que o companheiro teve ao permanecer com ela. "Dessa vez ele ficava calado e eu chorava dizendo 'ainda bem que não morri'. Ele respondia e dizia: 'Ave Maria! Como é que eu ia viver sem você?'"

Indagada sobre como será a vida após quase ter morrido duas vezes, ela responde de forma positiva. "Eu vou viver minha vida, procurar meus direitos, arranjar um emprego. Nasci de novo. O médico disse que eu podia comemorar e que essa (27 de julho) é outra data de aniversário, pois foi um milagre que não morri", comenta.

A vítima diz que quer que o esposo pague pelo que ele fez e que fique preso. Ela relata que, da outra vez, ele fez um tratamento com um psicólogo e com um psiquiatra. Ainda fez uso de medicamentos, mas parou. "Ele vai dizer dessa vez que é doido, que é doente e vão acabar soltando, mas com pouco tempo ele vem atrás de mim. Ele não sabe viver sem mim", finaliza.

Boletim de Ocorrência de 2018 descreve violência

Boletim de Ocorrência do dia 10 de novembro de 2018 afirma que a denunciante, que é a companheira, acordou sendo asfixiada com um pano na boca e uma corda no pescoço. Na ocasião, ele usava luvas médicas brancas e que ela conseguiu retirar a corda do pescoço e ele colocou a corda no próprio pescoço e saiu afirmando à vizinhança que ela tentava matá-lo. Ainda conforme o B.O. obtido pelo O POVO, o próprio tenente foi à delegacia e também fez um boletim alegando ter sido vítima de tentativa de homicídio.

Investigação da Polícia Civil

A investigação da delegacia de Baturité começou após o crime do dia 27 e resultou na prisão do executor. Na ocasião, o homem delatou o tenente da reserva como o mandante do crime. O acordo entre os dois seria de R$ 4 mil. Parte do dinheiro foi encontrado e apreendido com o executor e outra parte do dinheiro estava com o suspeito de ser o mandante. Ambos foram presos em flagrante, mas tiveram a prisão convertida em preventiva

Defesa

A defesa do tenente da reserva é feita pelo advogado Oswaldo Cardoso, que relata que o oficial da reserva é inocente e que não há provas que o incriminem. Ele afirma que o suspeito está acometido de um câncer no pulmão e que vai pedir a liberdade provisória. Conforme a defesa, não há condições dele permanecer preso, pois é do grupo de risco.

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