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Defesa de acusado de ser chefe de facção que expulsou famílias de casas em Fortaleza diz que provas foram forjadas

Advogado diz que famílias foram obrigadas a mentir e que José Roberto é um "bode expiatório". Defesa alega ainda que prisão do último dia 14 de julho, por tráfico de drogas, teve provas forjadas
20:52 | Jul. 28, 2020
Autor Matheus Facundo
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Matheus Facundo Repórter do portal O POVO Online
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Tipo Notícia

A defesa de José Roberto de Sousa Severo, acusado de ser chefe de organização criminosa e mandante da expulsão de cerca de 60 famílias do bairro Praia do Futuro, em Fortaleza, nega as acusações e afirma que o homem não possui envolvimento com o crime organizado. De acordo com o advogado Daniel Queiroz, Sousa foi alvo de fabricação de provas, incluindo as usadas na circunstância da prisão dele, no último dia 14 de julho, que resultou em denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE).

Na ocasião, o suspeito foi abordado por policiais militares (PMs) e empreendeu fuga adentrando ruas de uma comunidade na Praia do Futuro. Ele acabou preso por desobediência, tráfico de drogas, direção perigosa e por não possuir habilitação. Na abordagem, foram apreendidos 41 embalagens de cocaína e dinheiro em espécie. O advogado contesta a versão policial e diz que a droga foi plantada no veículo pelos PMs.

"Ele (José Roberto) não possui nenhum envolvimento com tráfico de drogas. Quando um policial quer forjar, eles vão lá e fazem. Como advogado criminalista, já peguei vários casos assim. Sabemos que hoje existem milícias, que são grupos de policiais organizados", pontua Daniel Queiroz. Procurada pelo O POVO, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) não respondeu ao questionamento sobre a veracidade das provas, mas reafirmou a realização de prisão e apreensão.

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Conforme a denúncia apresentada pelo MPCE, o homem, de 36 anos, teria fugido após a primeira abordagem feita pelos policiais devido a estar dirigindo em alta velocidade, mas, conforme a defesa do acusado, ele só fugiu porque os agentes de segurança atiraram. "Ele ia parar, mas quando escutou o tiro, ele correu". Roberto alegou que fugiu pois não possuía carteira de habilitação, conforme os autos da denúncia.

José Roberto foi preso no dia 14 de julho e solto para responder às acusações em liberdade no dia 16. De acordo com Daniel Queiroz, seu cliente conseguiu a soltura "pelo nome limpo que tem", sem antecedentes criminais. No entanto, de acordo com nota enviada pela SSPDS, o acusado possui passagens por homicídio doloso, desacato, contravenção penal e uso de drogas.

Queiroz defende que a denúncia do MPCE, apresentada no dia 21 de julho, uma semana após a prisão, foi feita "em tempo recorde" e apresenta inconsistências. "Há contradições na denúncia, onde diz primeiro que ele ficou calado e depois que ele falou que fugiu porque não tinha CNH. A Justiça agiu em tempo recorde. Nós vemos na prática a demora no sistema Judiciário, nenhum cliente nosso recebeu uma denúncia tão rápida assim", afirma.

Expulsão de famílias

Por meio de nota enviada nesta terça-feira, 28, a SSPDS afirma que a Polícia Civil segue investigando o envolvimento de José Roberto com facção criminosa, Ele é suspeito de ser mandante da expulsão de famílias na região da Praia do Futuro, nas comunidades Coco e Luxou. A defesa afirmou que, neste caso, as acusações também foram fabricadas.

"Ele é ex-jogador de futebol e terminou a carreira porque mataram o seu irmão. Ele morou na comunidade a vida toda e todo mundo conhece ele, um pai de 16 de filhos. As famílias que foram denunciar ele nunca disseram que a ordem veio dele, mandaram eles falaram o nome do meu cliente", declara o advogado Daniel Queiroz.

Ele pontua ainda que José Roberto tem sido procurado por integrantes de organização criminosa para ser questionado porque tem sido noticiado o envolvimento dele com facções. "Ele não participa de nenhuma facção criminosa. As famílias foram obrigadas a mentir. Ali na comunidade é uma guerra de facções e eles sempre colocam um bode expiatório, o chamado de laranja, no meio e tudo. Foi o que aconteceu", defende.

Atualmente, José Roberto está em liberdade e usando tornozeleira eletrônica e aguarda ser citado pelo MPCE no caso da autuação do dia 14 de julho. O advogado diz que está reunindo provas para confirmar a inocência do acusado e que ele foi alvo de "armação".

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