Postos de saúde avançam para 2ª etapa de retorno de atendimentos
Terceira fase está prevista para iniciar em 20 de julho, quando as unidades devem funcionar plenamenteO município de Fortaleza tenta restabelecer os atendimentos nos 114 postos de saúde após suspensão dos serviços para priorizar casos de Covid-19 durante a pandemia. O planejamento prevê três fases, cada uma dura duas semanas. Nesta segunda-feira, 6, iniciou-se a segunda etapa do cronograma. No entanto, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não dispõe de dados sobre atendimento feitos, consultas remarcadas e o número de pessoas que chegam à Atenção Primária com sintomas do novo coronavírus durante a primeira etapa da retomada, iniciada em 22 de junho.
O POVO buscou a Pasta em 26 de junho, fim da primeira semana de restabelecimento, e hoje, início da segunda. Não houve retorno concreto das demandas em nenhum dos momentos. O órgão municipal também não disponibilizou ninguém para comentar sobre o assunto. Ao percorrer por quatro Unidades Básicas de Atendimento, a equipe de reportagem presenciou espaços vazios e usuários tentando retirar medicamentos.
No posto de saúde Casa Verde, no bairro Messejana, a agente de saúde Ariane Maria, responsável pela busca ativa e encaminhamento dos pacientes às unidades hospitalares, aguarda que os usuários compareçam nesta semana, mas reconhece que muitos ainda têm medo. “Os pacientes, hipertensos e diabéticos, estão descompensados, por conta de não estarem vindo para atendimento na unidade. Eles não estão sendo acompanhados pelos enfermeiros e médicos”, comenta.
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AssineEla comemora que as filas de pessoas com sintomas de Covid-19 tenham reduzido, mas lamenta pelas consequências do momento. “Nesta área tem muito hipertenso e diabético, eles estão sedentários dentro de casa, não estão fazendo atividades físicas. E outra coisa: o custo de vida. Eles não têm como se alimentar adequadamente. Têm muitos usuários que estão depressivos, até as crianças. Estão precisando de atendimento psicológico também”, diz.
A irmã do auxiliar de pedreiro Tarcísio Borges, 57, ainda não consegue ir ao posto de saúde onde é atendida, no bairro Barroso. O parente tentou retirar os medicamentos da paciente, mas não conseguiu porque precisou de nova receita, que demanda uma nova consulta com o médico. “Todo o cuidado é pouco. Infelizmente, o negócio é o seguinte: enquanto não vier a vacina, não adianta de nada. Deram o auxílio pra gente, mas está atrasado que só. Eu quero beber um café, mas não tenho um real no bolso”, se queixa.
Breno Martins, 26, também buscou remédios para a sogra. Diz que demorou um pouco, mas conseguiu retirar. "Ela não pode vir porque é de risco e tem depressão. A situação piorou durante a pandemia. Sou eu ou a filha dela que vem buscar (os remédios).” Segundo ele, depois de alguns meses, foi possível marcar a consulta com o médico para renovar a receita, o encontro deve ocorrer em quatro dias.
O fluxo de usuários também era reduzido na unidade Flávio Marcilio, no bairro Varjota. Gabriel Ferreira, 18, sofreu um acidente de bicicleta e precisou de atendimento de urgência. O jovem classificou o atendimento como rápido. O serviço utilizado por Flávio está dentre aqueles que não pararam durante a pandemia. Na unidade Francisco Domingos da Silva Pessoa, na Barra do Ceará, durante o primeiro turno da manhã desta segunda-feira, dez pessoas chegaram com sintomas do novo coronavírus e cinco procuraram para outros atendimentos, detalhou um funcionário, que anotava o fluxo num pedaço de papel na entrada da unidade.
No mesmo período, o Sobreira de Amorim, no Jóquei Club, registrou a mesma quantidade para atendimentos que não relacionados à Covid-19. Foram cinco atendimentos realizados na manhã. Mas o número é menor porque houve queda de energia no local devido às chuvas que atingiram a Capital. Galhos de árvore caíram e derrubaram parte do telhado da unidade.
ATIVIDADES COM RETORNO NOS POSTOS A PARTIR DESTA SEGUNDA-FEIRA:
- Consultas de 75% da agenda para acompanhamento de pacientes com comorbidades, pré-natal, tuberculose, hanseníase, puericultura e saúde mental.
- Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) continua atendimento às crianças já acompanhadas e com alerta para o desenvolvimento. Sendo quatro por turno.
- Cumprimento de 75% da agenda do Centro Especializado de Atenção ao Diabético e Hipertenso (CEADH) para pacientes com alto e muito risco.
- Início da prevenção ginecológica, com 50% dos atendimentos.
- Serviços odontológicos seguem nota técnica específica.
- Continua visita domiciliar de Agente Comunitário de Saúde (ACS) para grupo de riscos, busca ativas de faltosos para vacinação e monitoramento de Síndrome Gripal.
FONTE: SMS
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